Introdução e Objetivo
O consumo de álcool gera consequências tanto para o indivíduo que consome a droga, quanto para a sociedade. O impacto que o uso de álcool estabelece nas redes sociais relaciona-se ao prejuízo causado na produtividade econômica, quais sejam: nos recursos gastos pela justiça criminal, pelo sistema de saúde e por outras instituições sociais. Estudos têm demonstrado a ligação entre uso abusivo de álcool e a diminuição da produtividade e absenteísmo, agravos à saúde e desemprego, com uma relação causal sendo estabelecida em ambos os sentidos. Pessoas com contextos familiares prejudicados ou que (con)vivam em condições de risco social tem maior predisposição a ter membros com comportamento aditivo. O estudo objetivou classificar o risco social de famílias vulneráveis de trabalhadores da construção civil etilistas, residentes em um município do estado Paraná – Brasil.
Metodologia
Estudo de caráter descritivo e abordagem quantitativa, com delineamento de 11 famílias de trabalhadores da construção civil etilistas. Foi realizado em município do Noroeste do Paraná - Brasil, com casos originários do banco de dados de um centro de assistência toxicológica de um Hospital Universitário com diagnóstico médico de intoxicação alcoólica aguda ou crônica, por um período de seis meses. Os instrumentos de coleta de dados foram dois roteiros para a entrevista semiestruturada e a Escala do Risco Familiar de Coelho e Savassi, analisados por meio de estatística descritiva simples e pelo dimensionamento dos escores das respostas. A Escala é um instrumento com informações sentinelas para avaliação das situações de risco, são relacionadas à relevância epidemiológica; à relevância sanitária; e o impacto na dinâmica familiar. O projeto de pesquisa recebeu parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual de Maringá, nº 207.377/2013.
Resultados
Dentre os 13 indicadores sentinela estabelecidos na escala, não foram encontrados apenas três deles nas famílias investigadas: membros acamados, membros com desnutrição grave e membros com idade inferior a seis meses. Foi possível estabelecer duas fontes de vulnerabilidade às quais os indivíduos estão sujeitos: vulnerabilidade extrínseca – ocasionada por circunstâncias externas, como desemprego, baixa renda familiar e baixa escolaridade ou carência de recursos; e vulnerabilidade intrínseca – ocasionada por características da própria família, como doença mental, deficiência mental e física, e os extremos de idade (idosos e crianças). A estratificação do risco social das famílias apontou dez famílias com risco social e foram encontradas características de vulnerabilidade social epidemiológica, de relevância sanitária e de impacto na dinâmica familiar, como desemprego, baixas condições de saneamento, hipertensão arterial sistêmica e drogadição em um dos membros da família. Cinco famílias estavam sob risco social máximo, não apresentavam apenas membro acamado ou com desnutrição grave. As três famílias de risco menor apresentaram três elementos das sentinelas de risco, sendo o desemprego comum em duas delas.
Considerações Finais
Os resultados deste estudo reiteram os aspectos sociais já dimensionados para famílias de trabalhadores na construção civil, agravados pelo comportamento aditivo no ambiente domiciliar. Evidenciou-se associação entre alcoolismo e baixos indicadores socioeconômicos da família, que poderia ser determinada pelo uso contínuo de álcool pelo provedor de cada núcleo familiar e refletem o potencial de vulnerabilidade e adoecimento de cada núcleo familiar.