Introdução e Objetivo

A escola tem números crescentes de alunos com diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Desta forma, encontra-se como medicação mais prescrita, a Ritalina, surgida na década de 50 e tendo como princípio ativo o metilfenidato, que é psicoestimulante, ou seja, causa o aumento da vigília e a atenção do aluno e também aumenta a quantidade de noradrenalina e dopamina nos receptores cerebrais, o que leva a diversos efeitos colaterais tais como dores de cabeça, taquicardia, tremores, ansiedade, pânico ou surto psicótico, entre outros.

Nesse sentido, foram realizadas pesquisas para ponderar as diversas influências da Ritalina no rendimento escolar dos alunos, tendo assim como principal objetivo o de constatar, na visão de professores, se este medicamento está realmente auxiliando no desenvolvimento e na aprendizagem dos alunos, quanto tempo demora a avaliação médica e a forma que os pais se colocam diante do diagnóstico de TDAH.

Metodologia

O estudo caracteriza-se por uma abordagem qualitativa, busca compreender o sujeito da pesquisa e atender suas percepções em seu ambiente.

A coleta de dados se deu por um questionário desenvolvido pelos autores e aprovado pelo Conselho de Ética da Faculdade Integrado de Campo Mourão. O questionário é válido em uma investigação qualitativa quando segue uma modalidade naturalista, ou seja, é realizado diretamente onde o fenômeno acontece, nesse caso, em duas escolas municipais de Peabiru – PR.

O questionário possui cinco questões abertas e incentiva o professor a escrever livremente. As questões abordam se o professor tem alunos que utilizam o medicamento Ritalina, sua opinião quanto à melhoria da aprendizagem, o suporte oferecido para esse aluno e as dificuldades enfrentadas no dia-a-dia.

Posteriormente os autores estudaram os itens relatados pelos docentes para apontar as mudanças percebidas após o uso do medicamento pelos alunos segundo a percepção dos professores.

Resultados

O presente trabalho foi aplicado na Escola I e Escola II no município de Peabiru-PR, com 8 e 14 profissionais, respectivamente, os primeiros questionamentos foram sobre o perfil dos professores, abrangendo formação e tempo de carreira. Na Escola I, dos entrevistados, um possuía menos de cinco anos de experiência e o restante de seis a vinte anos, sendo que dois destes possuíam especialização na área. Já na Escola II três possuíam experiência menor que cinco anos, o restante entre 11 a 40 anos e quatro possuíam especializações.

            Na Escola I, dos oito professores, quatro tinham alunos com diagnóstico de TDAH, totalizando sete casos; na Escola II, dos 14 professores, dois tinham alunos com diagnóstico, totalizando cinco casos.

            Quando questionado se o medicamento traz melhora ao rendimento escolar, a maioria dos entrevistados afirmaram que sim, contudo, um professor da Escola II discordou ao alegar “Em minha opinião, acho que estão dando este medicamento sem controle, qualquer alteração do aluno alguns já acham que devem tomar este medicamento”. Mas vale destacar o argumento de uma das educadoras, “O medicamento age para uma melhora no Déficit de Atenção e no convívio escolar quanto às relações em grupo (agressividade)”. Considerando estas manifestações, pode-se inferir que nos casos relatados, a dosagem da Ritalina tem sido adequada.

            Em relação à avaliação médica, foi relatado que quando a consulta é pública, pode demorar até seis meses e no caso de ser particular, o processo é acelerado. Um terceiro professor, afirmou que “Dependemos muito do SUS infelizmente e por isso a demora é grande e também o número de casos é bem considerável”.  Contudo, ao se afirmar que existe um número considerável de casos, o educador se contrapõe a realidade descrita pelo restante da amostra.

            A respeito desse diagnóstico de TDAH, a reação dos familiares pode variar, conforme a fala de um dos entrevistados, “Depende da família. Pais mais esclarecidos com mais escolaridade tendem a não aceitação do diagnóstico. É claro que na avaliação psicoeducacional a família também deve ser orientada”. Já de acordo com outra opinião, “A maioria dos pais não aceitam e omitem que não estão medicando o aluno, em muitos casos o medicamento precisa ser dado na escola”. Podendo assim constatar que muitos familiares são resistentes ao diagnóstico, o que pode acontecer por preconceito ou desinformação.

Considerações Finais

Diante desta pesquisa, pode-se reconhecer a importância da medicação Ritalina, que quando bem administrada auxilia o aluno em desempenho e convívio escolar. Os dados recolhidos comprovam baixas taxas de portadores de TDAH dentro das escolas da amostra, contudo deve-se considerar que esse cenário pode não representar a realidade de outras escolas, logo esses dados são preliminares e indicam a necessidade de novos estudos mais abrangentes.