Introdução e Objetivo

A doença do disco intervertebral (DDIV) é a condição neurológica mais frequentemente descrita em cães. Traumatismos medulares podem ser decorrentes de origens intrínsecas e extrínsecas. A principal causa intrínseca é a extrusão do material do disco intervertebral (hérnia discal tipo I de Hansen). As principais causas extrínsecas são fraturas, luxações e subluxações vertebrais secundárias a eventos traumáticos. O tratamento de cães com DDIV pode ser clínico ou cirúrgico, dependendo do grau de disfunção neurológica. O tratamento clínico é constituído de repouso absoluto em gaiolas associado ao uso de antinflamatório, esteroidal ou não-esteroidal, sendo efetivo na maioria dos cães que apresentam sinais de dor, ataxia proprioceptiva e/ou paraparesia ambulatorial. A principal vantagem do tratamento clínico é seu baixo custo, podendo ter continuidade em casa, sem risco anestésico-cirúrgico e necessidade de equipamentos. As desvantagens incluem o alto índice de recidivas. O tratamento cirúrgico é indicado quando ocorre a falta de resposta ao tratamento clínico, em pacientes apresentando graus moderado a severo de disfunção neurológica e em casos de sinais clínicos recidivantes ou progressivos.

Metodologia

Foi atendido no Hospital Veterinário da Faculdade Integrado de Campo Mourão um cão, Pincher, fêmea,com 12 anos e 4,4Kg. Segundo o proprietário, o animal não se alimentava, defecava ou urinava, apresentava incoordenação, dor em região lombar e há três dias vocalizou e desde então perdeu movimentos do membro pélvico (MP) esquerdo apresentando ataxia progressiva. Ao exame clínico observou-se dispnéia, posição ortopnéica, paresia e hipotermia de membros pélvicos. Ao exame neurológico verificou-se ataxia, arreflexia de MP com déficit de propriocepção e ausência de dor profunda em MP. O exame de panículo mostrou o animal arresponsivo a partir de T12. Solicitou-se exames hematológicos, bioquímicos e radiográficos de tórax, coluna torácica e mielografia. A fosfatase alcalina apresentou-se aumentada (266 UI/L) e a imagem radiográfica foi sugestiva de estenose do canal medular em T9-T10. Ao retornar após sete dias para ser submetido ao procedimento cirúrgico o animal apresentava-se com assaduras de aspecto purulento, onde se realizou a lavagem rigorosa e tratamento de ferida com açúcar e alantol, BID. O paciente permaneceu internado e medicado com dexametazona, meloxicam, sulfato de condroitina, cefalotina e tramadol. Após uma semana o animal respondeu bem ao tratamento, sendo instituída terapia domiciliar com fisioterapia passiva associada à hidroterapia, BID, meloxicam e sulfato de condroitina. Após dois meses o paciente apresentou regressão total do quadro recebendo alta médica.

Resultados

A escolha pelo tratamento clínico foi baseada principalmente na falta de condições do paciente a ser submetido ao tratamento cirúrgico, uma vez que a presença de infecção é um fator limitante para realização de qualquer procedimento cirúrgico não-emergente. Apesar de a literatura afirmar que melhores respostas são obtidas através da escolha cirúrgica para tratamento de DDIV torácica, o tratamento clínico mostrou-se eficiente no paciente em questão, uma vez que o mesmo voltou a desempenhar suas atividades normais sem demonstrar dificuldades. Segundo a literatura, tratamento clínico é constituído de repouso em gaiolas associado ao uso de antiinflamatório, esteroidal ou não-esteroidal. No caso em questão optou-se pelo repouso em gaiola associado ao uso de dexametazona, meloxican, sulfato de condroitina e tramadol, tendo obtido ótimos resultados. O uso de fisioterapia passiva tem sido indicado em casos de animais que apresentam DDIV, na tentativa de fortalecer a musculatura do mesmo, e evitar atrofia por desuso.

Considerações Finais

O tratamento clínico da DDIV torácica mostrou-se eficiente no paciente em questão, uma vez que o mesmo apresentou melhora do quadro, voltando a desempenhar suas atividades de maneira adequada.