Introdução e Objetivo

Erliquiose é uma doença que vem aumentando a cada ano dentro da casuística dos hospitais veterinários. Transmitido pelo carrapato, o agente etiológico desta afecção é a Ehrlichia spp., uma bactéria intracelular, especialmente de leucócitos. A presença de carrapatos Rhipicephalus sanguineos no animal é um dos grandes indicadores de risco de ocorrência desta enfermidade. O agente ao entrar no corpo do animal, é fagocitado, e se torna um parasita destas células mononucleares, seu período de incubação é de 8 a 20 dias, logo se multiplica e realiza bacteremia resultando em uma primeira, de três, apresentações clínicas à fase aguda, sendo as outras duas subclínica e crônica. O diagnóstico desta afecção inicia-se pelo histórico e sinais clínicos, sendo confirmado por meio de imunofluorescência indireta, ELISA, PCR, cultivo, isolamento celular e esfregaço sanguíneo. O presente trabalho tem como objetivo relatar o caso clínico de um cão que desenvolveu as três fases de erliquiose.

Metodologia

Foi atendido no Hospital Veterinário da Faculdade Integrado de Campo Mourão, um canino, macho, Blue Hiller de 10 meses, com suspeita de erliquiose. O animal já havia apresentado um quadro sugestivo desta enfermidade há três meses sendo tratado com doxiciclina na dose de 5mg/kg/BID por 21 dias, pois neste primeiro episódio, além dos sinais clínicos, o hemograma revelou anemia e trombocitopenia, o que determinou o diagnóstico clínico sugestivo da doença. Em um segundo episódio, voltou a apresentar sinais clínicos de letargia e hiporexia e infestação de carrapato. Desta vez, o hemograma revelou discreta leucopenia, linfocitose, neutropenia, eosinofilia; contagem de plaquetas e eritrograma dentro dos valores de referência. Na pesquisa para averiguação da possível presença do agente realizada no esfregaço sanguíneo foi constatada a presença de uma mórula de Erlichia spp. em linfócito, determinando o diagnóstico definitivo.

Resultados

Trombocitopenia causada por uma diminuição da meia vida da plaqueta e uma diminuição por fatores de imunomediação juntamente com a anemia,  pela propenção de perda de sangue pela própria trombocitopenia, encontradas em exame hematológico no primeiro episódio são caracteristicas da fase aguda da erliquiose canina.  Após o primeiro episódio foi realizado o tratamento com melhora clínica do paciente, o que sugeriu a cura, porém, possivelmente tenha entrado em uma fase subclínica. Por fim, ao constatar a presença de novos sinais clínicos e retornando ao hospital veterinário, revelou-se na fase crônica da doença, que pode ser marcada também por hipoplasia medular.  O animal apresentava apenas uma linfocitose, e sinais clínicos não muito sugestivos de um quadro de erliquiose, porém na análise leucocítica em esfregaço sanguíneo uma mórula de erliquiose foi encontrada fechando o diagnóstico, concluindo que o animal desenvolveu as fases da doença.

Considerações Finais

É de extrema importância reconhecer os estágios, a progressão, a patogenia e os métodos de diagnósticos para o sucesso do tratamento de um quadro de erliquiose, uma vez que os sinais clínicos são inespecíficos e os achados laboratoriais  característicos de cada fase.