Introdução e Objetivo
A bubalinocultura é uma atividade em expansão no Brasil e importante fonte de renda. É na sua maioria explorada por pequenos criadores. Essa espécie tem sido utilizada para o cultivo de lavouras e como fonte de proteínas nobres (leite e a carne). No Brasil são criadas quatro raças de búfalos (Murrah, Carabao, Mediterrâneo e Jafarabadi). Os animais da raça mediterrânea são de porte médio e compactos, de dupla aptidão, porém, os brasileiros tem mais aptidão para corte. As raças Murrah de origem indiana são de conformação média e compacta, profundos e de boa capacidade digestiva, características de produtoras de leite. O sistema de produção de búfalos predominante no litoral paranaense é a exploração extensiva para cria, já recria e engorda são feitas em outras regiões. Isto devido à baixa capacidade de suporte das pastagens nativas, da acentuada variação na oferta de forragem durante o ano e pela escassez de informações das espécies forrageiras com potencial produtivo. A produção de leite de búfala e seus derivados vêm ganhando importância. O leite de búfala apresenta alto valor nutricional, elevado teores de sólidos totais, lipídios, proteínas e minerais (em especial o cálcio), podendo ser utilizado in natura ou como matéria-prima para de produtos lácteos. O objetivo do trabalho foi de realizar um estudo de caso sobre a produção leiteira e a qualidade do leite das raças criadas no litoral paranaense.
Metodologia
O objetivo deste trabalho foi realizar um estudo de caso sobre a produção e qualidade do leite de raças bubalinas criadas no litoral paranaense. O estudo de caso foi realizado no Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR, nas Estações Experimentais I e II, localizadas no município de Morretes, região litorânea do Estado do Paraná, no período de 23 de Junho a 01 de agosto de 2008. As estações trabalham com bubalinocultura leiteira no sistema semi-extensivo. Durante o dia os animais permanecem no pasto e à noite são contidos em curral a céu aberto, provido de cochos e bebedouros. A base da alimentação dos animais é composta por forrageiras nativas (Hermatria e Setaria) e cultivadas (Colonião, capim Angola e Braquiárias), e na fase de lactação as búfalas recebem milho moído no cocho. Todos os animais recebem suplemento mineral em cochos exclusivos. Durante a avaliação foram realizados dois controles leiteiros com intervalo de 30 dias. Foi avaliada a produção de 42 búfalas da raça Mediterrânea e 40 da raça Murrah através de duas ordenhas manuais, uma de manhã e outra de tarde. Após cada ordenha, o leite era pesado para determinar a quantidade produzida. Para estimar a produção, foram somados os valores obtidos durante as ordenhas e depois divididos por dois obtendo a média. Do volume ordenhado foi retirada uma fração de 200 ml para análises da composição química do leite, onde foram analisados os teores de sólidos totais, proteínas, lipídios, lactose e contagem de células somáticas (CCS).
Resultados
Através das análises realizadas no controle leiteiro foi possível observar que a produção leiteira das búfalas não varia muito de acordo com as raças. Em média as búfalas das raças avaliadas produzem 5,75 kg de leite/dia. Esta produção está dentro do encontrado por diversos pesquisadores. A produção diária de leite das búfalas foi inferior ao volume produzido pelas vacas bovinas. A baixa produtividade média das búfalas pode ser explicada pelas condições em que são criadas, sistemas de produção de leite a pasto sem suplementação alimentar e lento processo de melhoramento genético dos animais. Em relação à composição química do leite, foi possível observar que o leite produzido pelas búfalas da raça Mediterrânea apresentou maior teor de sólidos totais maior (18%), proteína (4,2%), lipídios (6%) e lactose (5,1%) em relação ao leite produzido pelas búfalas da raça Murrah (16,8%, 3,7%, 4,9%, 4,6% respectivamente). Com relação aos aspectos higiênico-qualitativos do leite, observou-se que ambas as raças produziram leite com padrões higiênico-sanitários em conformidade com a legislação vigente no país. A CCS observada neste estudo para o leite das búfalas Mediterrâneas foi de 37.600 células/ml, enquanto que para as Murrah de 39.800 células/ml de leite.
Considerações Finais
A grande importância do leite bubalino é que além de servir como fonte de renda para pequenos produtores, ainda proporciona produtos lácteos de qualidade e com alto valor de mercado, como a mozzarela. Como o leite bubalino apresenta maior concentração dos nutrientes que o leite bovino, é capaz de proporcionar maior rendimento industrial. A sociedade, cada vez mais exigente, anseia e busca por alimentos de qualidade. Atenta a esta realidade, a bubalinocultura de leite vem sendo marcada por intenso processo de especialização da produção exigida, na mesma intensidade, pelas indústrias de laticínios, quanto à qualidade do leite produzido nas unidades de produção.