Introdução e Objetivo
As sementes são órgãos de continuidade das plantas, e quando maduras, precisam ser liberadas da planta-mãe. Quando caem e germinam umas próximas das outras podem sofrer com o acúmulo de indivíduos muito próximos, ocorrendo competição. Por isso, é essencial que as sementes sejam levadas para lugares mais distantes, sendo este o papel dos agentes dispersores. Há diferentes agentes envolvidos no processo de dispersão, como água, vento e animais. As sementes podem ser dispersas pelos animais de várias maneiras, sendo considerado um processo mutualístico, no qual os dois envolvidos ganham, pois as plantas terão suas sementes dispersas e os dispersores recebem um retorno nutricional. Assim, este estudo teve como objetivo aprofundar os estudos na dispersão de sementes por morcegos, buscando identificar, por meio de busca na literatura, as principais espécies de morcegos dispersores, suas características e as famílias botânicas que são dispersas por eles.
Metodologia
A metodologia utilizada neste estudo foi do tipo qualitativa, por meio de revisão bibliográfica. A pesquisa bibliográfica é definida como sendo a pesquisa desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Parte dos estudos exploratórios podem ser definidos como pesquisas bibliográficas, assim como certo número de pesquisas desenvolvidas a partir de técnicas de análise de conteúdo. A principal vantagem desse tipo de pesquisa está no fato de permitir uma ampla cobertura do tema pesquisado. A pesquisa bibliográfica utilizada neste estudo teve como base a análise de artigos científicos sobre o tema “dispersão de sementes por morcegos”. Foram utilizados como termos de busca: espécie de morcegos dispersores de sementes; quais plantas são dispersas por morcegos frugívoros; famílias botânicas dispersas por morcegos. Os artigos foram encontrados em sites de busca consagrados.
Resultados
As principais espécies de morcegos dispersores de plantas são Carollia perspicillata, Sturnira lilium, Pygoderma bilabiatum e Artibeus lituratus. As características principais de Carollia perspicillata são antebraço entre 38 a 44 mm, peso médio de 18 g, cor variando do marrom ao quase negro, cauda curta e contida totalmente no uropatágio, orelhas curtas, folha nasal em formato triangular e lábio inferior em formato em “V” com verruga no centro e com vários pontos ao redor. Sturnira lilium possui antebraço de cerca de 42 mm, peso médio de 21 g, pelagem variando de amarelo a alaranjado, com alguns machos apresentando manchas na cor laranja vivo nos ombros, olhos grandes e lábio inferior com verrugas em formato de meia lua. Pygoderma bilabiatum apresenta antebraço com 37 mm em machos e 40 mm nas fêmeas, peso variando de 15 a 23 g, olhos grandes, focinho curto e largo, trago amarelo e serrilhado, glândulas faciais e glândula na região da garganta desenvolvidas nos machos, uropatágio piloso na parte dorsal e manchas brancas nos ombros na junção das asas. Por último, Artibeus lituratus apresenta antebraço com mais de 75 mm, peso acima de 75 g, coloração parda com variações ao marrom, pode haver variação regional, com indivíduos marrom-acinzentados, listas faciais brancas bem notáveis. Cada um desses mamíferos possui forte interação de dispersão com plantas de diversas famílias, sendo as duas principais, de acordo com os trabalhos encontrados no levantamento, Piperaceae e Solanaceae. A família Piperaceae é dispersa principalmente por Carollia perspicillata e possui cerca de 2515 espécies, distribuídas em oito gêneros. No Brasil ocorrem cinco gêneros e cerca de 500 espécies, encontradas principalmente na Mata Atlântica. Diversas espécies da família Piperaceae são usadas na medicina popular e muitas têm importância econômica, especialmente devido à presença de conteúdo oleífero em sua estrutura. A família Solanaceae compreende um dos maiores grupos entre as plantas vasculares, com cerca de 98 gêneros, e um número aproximado de 2400 espécies. No Brasil, a família é bem representada, ocorrendo 34 gêneros e 449 espécies, sendo 215 destas exclusivas do país. Têm grande importância comercial e econômica, na família destacam-se diversas espécies que apresentam usos alimentício, medicinal e ornamental. A preferência dos morcegos por plantas destas famílias está relacionada ao fato de que muitas espécies apresentam frutos carnosos, que são produzidos durante o ano todo.
Considerações Finais
Constatou-se que as principais espécies de morcegos dispersores de plantas são: Carollia perspicillata, Sturnira lilium, Pygoderma bilabiatum e Artibeus lituratus. Quanto às plantas mais dispersas por essas espécies, listam-se as das famílias Piperaceae e Solanaceae, as quais possuem representantes com frutos carnosos e produzidos o ano todo.