Introdução e Objetivo
A criança ou o adolescente em risco é amparada no Brasil por uma legislação que preconiza sua retirada do convìvio familiar, delegando seus cuidados a instituições especializadas ou Lares substitutos, situação que invoca necessidade de superação em vários sentidos, Passar a conviver em outro meio institucional que não a família, invoca superação perante vários fatores: a dor pelo estigma em vivenciar esta experiência, pelas adaptações e mudanças que a criança e ou adolescente estará sujeito, pela ruptura com o meio onde habitava e também a dor de ter que se reconstruir na sua própria identidade. A presente pesquisa tem como objetivo conhecer a convivência entre adolescentes e as pessoas responsáveis pelo abrigo e apreender as perspectivas de futuro destas.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo, exploratório – descritivo, realizado em um Lar para crianças e adolescentes do sexo feminino do Noroeste do Paraná, sujeitos do estudo foram 9 adolescentes, com idade entre doze a dezoito anos. A coleta dos dados ocorreu entre junho e julho de 2012, através de entrevistas. A interpretação dos dados decorreu por meio da Análise de Conteúdo, onde emergiram quatro categorias: “O Construir de uma convivência crianças/adolescentes”, “Família: apoio que sinto falta”, “Vivenciando a sexualidade: percorrendo um caminho ainda pouco explorado” e “Quando sonho, sonho alto, mas tenho medo de sonhar”. Os dados foram coletados por meio de entrevista semi-estruturada que compreendeu duas etapas: uma corresponde à caracterização sócio-demográfica dos sujeitos e a outra composta de questões de amparo que nortearam o estudo. As entrevistas foram gravadas para maior credibilidade do estudo e após transcrição, as gravações foram inutilizadas.
Resultados
A convivência entre as adolescentes, na grande maioria, passa a ser equilibrada apenas com o passar do tempo, quando as trocas interindividuais ocorrem com maior frequência. Quanto à perspectiva de futuro, apesar do medo em sonhar, todas possuíam, principalmente na esfera profissional. As entrevistas mostram que todas as adolescentes possuem sonhos e expectativas de futuro, e que reconhecem a importância de definir e ter um projeto para o futuro, passando pelo desejo de terminar sua formação escolar, ter um emprego e uma casa, percepcionando estes aspectos fundamentais para poderem ter uma vida estável no futuro.
Considerações Finais
Uma realidade que pode parecer, aos olhos dos outros, complexa, para estas adolescentes as impulsionam a sonhar e a buscar boas perspectivas de futuro, mas ainda que haja vontade e sonhos, infelizmente não é o suficiente para termos a certeza de que estas meninas terão o futuro que elas desejam ou pelo menos um futuro bom. Espera-se que as adolescentes não percam a simplicidade de ser e que não sejam menos afortunadas somente porque vivem em lares institucionalizados.