Introdução e Objetivo

As atividades industriais no Brasil consomem aproximadamente 20 % de água, sendo que, pelo menos 10 % é extraída diretamente de corpos d’água e mais da metade é tratada de forma inadequada ou não recebe nenhuma forma de tratamento (CIRRA, 2014). A fim de encontrar soluções para lidar com a escassez de água, uma das práticas de gestão mais promissoras a serem exploradas é a reutilização das águas residuais (PEREIRA et al., 2002).

No Brasil a RESOLUÇÃO Nº 54/2005 CNRH estabelece critérios gerais visando reuso direito não potável de água, que em seu artigo 3º define o “Reuso para fins industriais como a utilização de água de reuso em processos, atividades e operações industriais”. Objetiva-se apresentar a situação do reuso da água na indústria e suas implicações.

Metodologia

O levantamento dos dados foi realizado através de revisão bibliográfica, em que foram consultados, livros, legislações e artigos científicos, a pesquisa caracteriza-se como qualitativa e descritiva.

Resultados

Segundo FILHO et al. (2007), o reuso pode ser direto ou indireto, conforme as definições a seguir: - Reuso indireto planejado da água: quando os efluentes depois de tratados são descarregados de forma planejada nos corpos de águas superficiais ou subterrâneas, para serem utilizadas à jusante, de maneira controlada, no atendimento de algum uso benéfico. - Reuso direto planejado das águas: ocorre quando os efluentes, depois de tratados, são enviados diretamente de seu ponto de descarga até o local do reuso, não sendo lançados no meio ambiente. É o caso com maior ocorrência, destinando-se a uso em indústria ou irrigação. Os fatores que irão determinar a qualidade da água em sistemas de reuso são: os processos produtivos, odor, cor, características físico-químicas e biológicas, o nível de tratamento das águas residuais. Juntamente com um planejamento adequado, levantamento das necessidades de água em cada etapa dos processos industriais e parâmetros de qualidade requerida, pode-se reutilizar a água até mesmo no processo que a gerou (GARCIA & PARGAMENT, 2015; MIERZWA, 2002). O manual de reuso de água da Agência Ambiental Americana (Environmental

Protection Agency - EPA, 2004) apresenta algumas sugestões de diretrizes como: processos de tratamento de efluentes; qualidade da água para reuso; monitoramento; e as distâncias mínimas para proteger as fontes de água potável de contaminações e as pessoas de riscos à saúde. Já no Brasil apesar da falta de regulamentação dos padrões na legislação nacional de reuso, existe a norma técnica ABNT-NBR-13.969 de 1997 Classes de água de reuso e padrões de qualidade. O uso de efluentes secundários tratados corresponde a apenas 17 % da demanda de água não potável pelas indústrias, e estes podem ser utilizados em sistemas de refrigeração e outros usos menos restritivos, tais como lavagem de pisos, equipamentos, e como água de processo em indústrias mecânicas e metalúrgicas (HESPANHOL, 2002). Em estudo de implantação do reuso dos efluentes em circuito fechado de uma indústria de reciclagem de plásticos realizado por BORDANALLI & MENDES (2009), foi demonstrada a viabilidade e exequibilidade do tratamento, por coagulação com o uso de hidroxicloreto de alumínio (PAC) e polieletrólito auxiliar, decantação e filtração em manta geotêxtil. WEBER et al. (2010), conduziram um estudo de uso racional e reuso da água em uma indústria de papel ondulado em que o consumo médio de água foi reduzido em 45 %.

Considerações Finais

Apesar da falta de regulamentação dos parâmetros para o reuso da agua na legislação ambiental brasileira, as perspectivas internacionais e nacionais, tem sido de reutilização dos efluentes que anteriormente, tinham como destino o despejo em corpos hidrícos.