Introdução e Objetivo
Os equídeos exercem uma importante função para trabalho em muitas fazendas no mundo todo, podendo ser observado uma elevada casuística de lesões musculoesquelética na rotina clinica, sendo esta a maior causa de perda de equinos de esporte e trabalho, podendo ocorrer por diversos fatores. Dentre as lesões musculoesqueléticas, as lesões articulares chamam a atenção devido ao fato de desencadear um quadro de osteoartrite. A osteoartrite se caracteriza por uma doença degenerativa que causa inflamações e possíveis lesões nos tecidos da articulação. As lesões se não tratadas irão cronificar, agravando o caso do animal. No exame radiográfico pode-se observar a formação de osteófitos periarticulares, diminuição do espaço articular, zonas de radio transparência subcondrais, esclerose ou espessamento ósseo subcondral e distensão da capsula articular. Este relato tem por objetivo relatar um caso de um muar diagnosticado com osteoartrite na articulação metacarpofalangeana.
Metodologia
Foi atendido na Faculdade Integrado um muar, macho, 15 anos, com 380kg, com claudicação em membro torácico esquerdo. O animal era utilizado para serviços na fazenda, o proprietário havia o adquirido há pouco tempo, não havia realizado tratamento prévio e acreditava se tratar de uma ``broca´´. Ao exame de claudicação foi constatado que o animal apresentava claudicação de grau IV. Ao exame visual foi possível notar aumento de volume na articulação metacarpo falangeana esquerda com consistência firme. Com a flexão da articulação o animal demonstrou exacerbação de dor. No exame radiográfico, nas projeções dorso-palmar e latero-medial da articulação, foi observado a doença articular degenerativa avançada com redução do espaço articular, áreas de esclerose, proliferação periosteal caracterizando uma osteoartrite. Foi indicado o tratamento clínico com indução a anquilose por meio de álcool etílico 70% intra-articular e posterior imobilização com tala gessada.
Resultados
A claudicação pode ser definida como uma anormalidade no andar, sob circunstancias normais, sendo que só se aplica as lesões dolorosas e não há problemas que o animal tenha de incordenação. Pode ser classificada de acordo com sua gravidade e dividida em claudicações do membro de apoio e membro de suspensão.Para um bom diagnostico,deve-se realizar um exame de claudicação detalhado,sendo os exames radiográficos e ultrassonográficos indispensáveis para o diagnóstico.
Após a avaliação ao trote e a possível lesão no membro torácico esquerdo, foram realizados os testes de flexão das articulações do membro esquerdo. Esses testes tem como objetivo concentrar a pressão na região explorada por um período fazendo com que o animal ao caminhar exacerbe a dor, demonstrando assim o local da lesão.
A radiografia pode não ser decisiva em alguns casos,ainda mais quando o processo encontra-se em uma evolução inicial, resumindo as lesões articulares podem não aparecer na radiografia, no entanto isso não ocorreu neste caso, pois ao se tratar de uma evolução antiga pode notar facilmente as alterações radiográficas compatíveis com a osteoartrite.
Devido às características da lesão além de seu caráter crônico e irreversível o tratamento consiste na redução da dor e mobilidade da articulação por meio da anquilose, uma vez que este processo já havia sido iniciado naturalmente. Várias são as técnicas para resolução desse caso dentre elas estão os tratamentos cirúrgicos com colocação parafusos, remoção da cartilagem por meio de brocas e utilização de placas, devido ao valor zootécnico do animal priorizou métodos menos onerosos tal como a artrodese química com a utilização de álcool etílico a 70% com posterior imobilização com tala gessada, mesmo assim devido ao pouco tempo com o animal o proprietário optou por devolver o animal perante os laudos radiográficos, enfatizando mais uma vez a importância do exame radiográfico de compra em equinos de trabalho e inclusive de lazer.
Considerações Finais
Dentre as lesões musculoesqueléticas a osteoartrite tem um papel fundamental na aposentadoria precoce de equídeos, uma vez que o diagnóstico tardio implica em poucas chances terapêuticas eficientes para o retorno as atividades. O valor zootécnico do animal implica diretamente no tipo de tratamento, sendo que em muitas vezes esse acaba nem sendo feito.Neste e entre muitos outros casos o exame de compra seria indispensável, poupando os proprietários de gastos extras com animais recém-adquiridos.