Introdução e Objetivo
O esôfago é um órgão tubular e oco, conecta a faringe ao estômago, passa por todo o tórax e penetra a cavidade abdominal através do diafragma. O megaesôfago trata de uma dilatação patológica do esôfago, podendo possuir diversas origens. Há uma forma congênita idiopática com surgimento de sinais clínicos antes ou logo após o desmame, adquirida idiopático com surgimento na idade adulta e adquirida secundária, produto de uma afecção primária. O megaesôfago adquirido idiopático ocorre espontaneamente em animais entre 7 a 15 anos de idade, não apresenta predileção por sexo, há relatos que sua ocorrência é mais comum em animais que sofreram algum tipo de estresse, como fratura ou traumatismos. Os sinais clínicos mais comuns são a regurgitação e caquexia. O presente trabalho tem como objetivo relatar um caso de megaesôfago idiopático adquirido em um canino, o prognóstico e os exames complementares necessários para determinar o diagnóstico.
Metodologia
Foi atendido no Hospital Veterinário da Faculdade Integrado de Campo Mourão, um canino, fêmea, de quatro anos de idade, com histórico de cirurgia há seis meses, no qual foi realizado OH terapêutica para piometra. Cerca de cinco meses após a cirurgia o paciente iniciou quadros de êmese, o animal foi tratado no mesmo local em que fez a cirurgia, porém em um mês de tratamento não apresentou melhoras, então o proprietário procurou o Hospital Veterinário. O exame físico revelou halitose, dispneia, presença de estertores pulmonar, secreção nasal purulenta, desidratação de 10%, teste de prega cutânea de 4 segundos, temperatura retal de 39,2ºC e caquexia. Realizou-se exame radiográfico contrastado do tórax onde foi constatado a dilatação do esôfago. O paciente foi internado e iniciou-se tratamento medicamentoso e fluidoterapia. Iniciou-se manejo alimentar do animal, com alimentação pastosa várias vezes ao dia e manutenção do paciente na posição vertical por 15 minutos após cada refeição.
Resultados
Após seis dias de internação o paciente apresentou melhorias significativas no quadro respiratório e nos episódios de regurgitação. Não apresentava secreção nasal e tinha bom padrão respiratório. Com isso foi estipulado alta hospitalar ao animal com recomendação de que o mesmo retornasse caso apresenta-se qualquer agravamento. Foi feito recomendações quanto ao manejo alimentar do animal e prescrito medicações para o término da antibioticoterapia. Ao entrar em contanto com o proprietário novamente, o mesmo comunicou que o animal veio a óbito no dia seguinte em que teve alta. Após maiores indagações verificou-se que o proprietário apresentou dificuldades em realizar o manejo alimentar e por essa razão não foi feito corretamente. O animal apresentou vários quadros de regurgitação antes de falecer, levando a crer que a causa da morte tenha sido por pneumonia aspirativa ou até mesmo afogamento. Existem relatos da utilização de técnicas cirúrgicas de medicina humana modificadas para a correção de megaesôfago em cães, porém estas não apresentaram resultados satisfatórios, além de expor alta mortalidade no pós-operatório. O prognóstico é dependente da causa e do tempo de ocorrência dos sintomas. Quanto mais cedo for identificada a patologia, maior a chance de sucesso no tratamento. Porém é de reservado a mau quando não é possível remover a causa base, como ocorre no megaesôfago idiopático adquirido, e a pneumonia por aspiração é a principal causa da morte nesses casos. Há pouco sucesso no tratamento do megaesôfago, em média apenas 5% dos casos tratados apresentam melhora. Grande parte deste fracasso ocorre por negligência dos proprietários, devido ao trabalho e tempo que necessitam dedicar para a nutrição de seu animal pela falta de resultados a curto prazo.
Considerações Finais
Conclui-se que quanto mais rápido for feito o diagnóstico de megaesôfago melhor será o prognóstico do animal, pois com a adequação da alimentação diminui os risco de aspiração e evita o agravamento na distensão do esôfago. Além disso, permite que o proprietário e o animal se adequem a nova rotina estipulada pelo médico veterinário, pois o tempo de sobrevida do animal depende do entendimento e comprometimento quanto a realização rigorosa do tratamento.