Introdução e Objetivo
O mastocitoma é uma proliferação neoplásica de mastócitos. É a segunda neoplasia mais prevalente em cães, ocorrendo por volta dos 5 aos 9 anos, sendo de etiologia multifatorial. O envolvimento de mutações na expressão do gene c-Kit já está bem esclarecido, este provoca crescimento desordenado dos mastócitos e está presente em 40% dos casos. São tumores pequenos, firmes, bem circunscritos, podendo ser eritematosos, alopécicos, ulcerados, formando nódulos ou placas, ter grandes formações, serem difusos e metastáticos. A classificação histológica mais utilizada, divide-os em grau I, II, ou III de acordo com alguns critérios como anaplasia celular, diâmetro de núcleo e citoplasma, mitose, entre outros, sendo que a escolha do tratamento varia conforme o estágio tumoral. Este trabalho tem por objetivo realizar uma revisão de literatura a cerca das opções recentes e viáveis no Brasil para o tratamento de mastocitoma cutâneo canino.
Metodologia
Esta revisão de literatura foi realizada com base em pesquisas nas seguintes bases de dados: American Journal of Veterinary Research, Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Ciência Rural, Journal of Veterinary Internal Medicine, Veterinary Clinics of North America, Veterinary Pathology e Small Animal Clinical Oncology. A pesquisa limitou-se às publicações em língua portuguesa e inglesa embasadas em artigos entre os anos de 2010 e 2015.
Resultados
Para realizar um tratamento adequado é preciso diagnosticar o grau tumoral. Além do exame histopatológico, o imunohistoquímico oferece outras vantagens, como possibilitar o diagnóstico de alguns marcadores como a proteína Ki-67 e a expressão do oncogene c-Kit, possibilitando a escolha da terapia mais adequada. Mastocitomas grau I e II por vezes são tratados com sucesso apenas com a ressecção cirúrgica, porém com a possibilidade de recidivas, a quimioterapia é uma grande aliada para esses tumores, uma vez que todo mastocitoma deve ser considerado potencialmente maligno. A exérese tumoral mesmo que com margens livres, aliada à quimioterapia, aumenta a sobrevida dos pacientes, sendo o protocolo mais utilizado a vimblastina com predinisona. Porém, novos tratamentos estão sendo empregados para estes tumores, como a terapêutica com inibidores de tirosina-quinase, por exemplo o Mesilato de Masitinib, que tem demonstrado grande eficácia em tumores com esta mutação, pois a inibição da forma mutada do c-Kit ocasiona uma diminuição na proliferação, diferenciação e sobrevida do mastócito neoplásico. Alguns estudos mostram que este fármaco tem potencial anti-metastático na prevenção do aparecimento de recidivas locais e/ou metástases viscerais em mastocitomas cutâneos de grau II e III não operáveis ou recorrentes, aumentando o tempo médio de sobrevida. Este fármaco não encontra disponível no Brasil até o presente momento, mas é possível importá-lo. Outra possibilidade de tratamento recente na medicina veterinária brasileira é a eletroquimioterapia que através da eletroporação aumenta a permeabilidade da membrana celular, otimizando a veiculação de substâncias químicas, como quimioterápicos, ao meio celular, aumentando a citotoxicidade. Alguns estudos mostram que eletroquimioterapia apresentou eficácia comparável ao do tratamento cirúrgico, podendo ser uma alternativa a ele especialmente em casos de nódulos pequenos. Este tratamento também pode ser realizado aliado à quimioterapia convencional, ou com inibidores da tirosina-quinase em casos onde há mutação do gene, apresentando grandes resultados no controle local da doença, diminuindo a progressão, metástases e recidivas, corroborando para o aumento da expectativa de vida do paciente, principalmente em tumores de alta malignidade, como os de grau III e com grande presença de mitose.
Considerações Finais
A realidade brasileira para tratamentos oncológicos veterinários por vezes se baseia apenas em tratamento cirúrgico isolado, ou ainda, associado à quimioterapia convencional. Novas terapêuticas para mastocitomas cutâneos caninos, como os inibidores de tirosina-quinase e a eletroquimioterapia, tem se demonstrado eficazes e são viáveis. Estas alternativas oferecem um tempo médio de sobrevida maior aos pacientes, principalmente em mastocitomas de alta malignidade.