Introdução e Objetivo

A maca peruana (Lepidium meyenii) é uma planta nativa dos Andes centrais do Peru e cresce em aproximadamente 4.000 metros de altitude. O gênero Lepidium apresenta 13 espécies que variam de acordo com as cores dos hipocótilos, que é a parte comestível e nutritiva da planta, o que resulta em diferentes propriedades nutricionais. Além disso, a cultura andina atribui algumas ações terapêuticas ao consumo da maca peruana, tais como o aumento da fertilidade, níveis de energia, aumento do desejo sexual e aumento de desempenho físico. Desta forma, essa revisão teve o objetivo de identificar os principais efeitos biológicos da maca peruana descritos na literatura.

Metodologia

Essa revisão bibliográfica narrativa foi baseada em material indexado nas bases de dados do SciELO - Scientific Eletronic Library Online, PUBMED – Public Medline e ScienceDirect. O levantamento foi realizado utilizando-se os seguintes descritores: maca peruana e Lepidium meyenii, em português, espanhol e inglês.

Os documentos elegidos para análise abordaram temas sobre a maca peruana e seus efeitos no organismo, levando-se em consideração o período de publicação compreendido entre abril de 2000 a fevereiro de 2017. 

 

Resultados

Há relatos de que as atividades biológicas da maca ocorrem em virtude da sua atividade antioxidante. De fato, a administração de farinha de maca amarela (4 e 6 g/dia durante 40 dias) em modelo animal com diabetes induzida por estreptozotocina resultou em um aumento dos níveis plasmáticos de glutationa reduzida. A capacidade antioxidante da maca também foi demonstrada em estudos in vitro utilizando-se o extrato aquoso, no qual a maca foi capaz de eliminar os radicais livres e proteger as células contra o estresse oxidativo. No entanto, em um estudo in vitro, observou-se que em comparação a outras plantas testadas a maca peruana não apresentou resultados antioxidantes tão elevados.

Além disso, em estudos com ratos diabéticos, a maca apresentou uma atuação tão eficiente quanto o tratamento padrão em relação à redução da glicemia e também aumentou os níveis de insulina plasmáticos, demonstrando que a maca exerce efeito regulatório no metabolismo da glicose. Apesar dos efeitos benéficos da maca sobre os níveis de glicose e insulina plasmáticos demonstrados em animais diabéticos, os estudos com humanos não são tão promissores.

Na cultura tradicional andina, a maca peruana frequentemente está associada a relatos de aumento da fertilidade, níveis de energia e aumento e do desejo sexual. De fato, estudos com animais indicam melhora no desempenho sexual, melhora na função erétil e aumento do número de fetos implantados. Em humanos, observou-se aumento no desejo sexual em dose de 1.500 mg/dia. Acredita-se que esses efeitos podem ser atribuídos a algum fitoestrógeno ainda não identificado no extrato de maca, uma vez que ainda não há mecanismos descritos que expliquem a melhora do desejo sexual.

A comunidade andina também relata que a maca tem ação revigorante, embora os mecanismos sejam desconhecidos até o momento, a ação antifadiga da maca já foi observada em estudos com animais e com atletas.

Com relação aos efeitos colaterais, há poucos relatos associados ao uso da maca. Dentre estes, detaca-se um pequeno aumento nos níveis plasmáticos de aspartato aminotransferase associados ao uso da maca, pois esse efeito deve ser considerado com o uso de altas doses da maca.

Considerações Finais

As propriedades da maca peruana têm contribuído de modo satisfatório no tratamento de vários distúrbios da saúde e com baixo ou nenhum efeito colateral, porém ressalta-se a importância da necessidade de acompanhamento durante tratamento prolongado ou com altas doses com a maca, especialmente em pacientes susceptíveis a possíveis efeitos tóxicos, por exemplo, em caso de portadores de doenças hepáticas.