Introdução e Objetivo
A obesidade é um problema de saúde pública grave, sendo uma das doenças mais crescentes dos últimos anos. Por possuir um baixo custo e pouco efeito colateral, os medicamentos fitoterápicos vêm a cada dia ocupando mais espaço no mercado e entre os consumidores. Os fitoterápicos utilizados para o emagrecimento agem no organismo principalmente como termogênicos aceleradores do metabolismo. Nesse sentido, a efedrina, um alcaloide simpatomimético derivado da planta do gênero Ephedra, era usada para fins terapêuticos pelos chineses há séculos. Com a proibição da efedrina, a sinefrina composto ativo da laranja amarga (Citrus aurantium) e que possui uma formulação similar, ganhou espaço no tratamento e controle da obesidade além de ser utilizado no tratamento da insônia e anticonvulsionante. Desta forma, essa revisão teve como objetivo sumarizar os principais efeitos biológicos da laranja amarga descritos na literatura.
Metodologia
Foi realizado um levantamento bibliográfico narrativo de estudos indexados nas bases de dados SciELO (Scientific Eletrônica Library Online), PubMed e ScienceDirect, sobre o uso e efeitos do fitoterápico Citrus aurantium. Foram utilizados os seguintes descritores: “fitoterápicos”, “termogênese”, “toxicidade” e “sinefrina”, isolados ou combinados entre si, em português ou inglês. Como critério de inclusão, foram selecionados trabalhos que relacionavam a utilização do extrato de C. aurantium com o objetivo desejado da pesquisa.
Resultados
O Citrus aurantium é conhecido popularmente por laranja-amarga, laranjeira azeda e laranjeira de Sevilha. Suas folhas, flores e frutos têm sido utilizados pela medicina para o tratamento de insônia, anticonvulsivante e emagrecimento. Dentre os flavonoides que fazem parte da composição da laranja amarga, a de maior interesse no mercador emagrecedor é a sinefrina, que também é vendida em sua forma sintética.
O C. aurantium é uma planta com potencial terapêutico contra a obesidade pois, é rica em componentes como a sinefrina, octopamina e flavonoides que estão associados ao aumento da termogênese e do metabolismo basal. A sinefrina ocorre em três isômeros, para-sinefrina, meta-sinefrina e orto-sinefrina, sendo que a ρ-sinefrina está presente em maior quantidade no C. aurantium.
A ação farmacologia da laranja-amarga é análoga à efedrina, ou seja, possui estimulação direta de receptores β3-adrenérgicos localizados no tecido adiposo por ação da ρ-sinefrina. Quando estimulados, esses receptores aumentam a taxa de metabolismo basal, comandando a queima de gordura através da lipólise.
A estrutura da sinefrina se diferencia com relação ao grupo hidroxila na posição para do anel benzeno em relação à efedrina. Essa conformação resulta em pouca a quase nenhuma interferência cardiovascular. A ρ-sinefrina não atua em receptores secundários, α-1, α-2, β-1, β-2, todos relacionados à pressão sanguínea e frequência cardíaca.
Com relação aos efeitos sobre o sistema nervoso, observou-se que, quando utilizado por via oral, o C. aurantium apresentou efeito ansiolítico altamente significativo. Também foram relatados melhora do bem-estar e relaxamento. Além disso, a maioria dos autores relata que a laranja amarga apresenta efeitos antioxidantes. Por outro lado, o uso da laranja amarga também foi associado a efeitos colaterais similares a efedrina em alguns estudos, tais como taquicardia e arritmia, isquemia cerebral, angina, alterações ligeiras de pressão arterial.
Considerações Finais
É possível constatar que a maioria dos relatos sobre os efeitos de C. aurantium no tecido adiposo, demonstram resultados satisfatórios. Assim como, a capacidade antioxidante e ansiolítica que foi observada na maioria dos relatos. Finalmente, observa-se que o seu principal composto ativo (ρ-sinefrina) é responsável pelos efeitos emagrecedores do C. aurantium.