Introdução e Objetivo

O exame neurológico em equinos é de fundamental importância para o diagnóstico de afecções do sistema nervoso central, e este deve ser realizado quando houver anormalidade, caracterizadas por apatia, alterações de locomoção, comprometimento de pares de nervos cranianos entre outras alterações. Através das manobras realizações durante o exame neurológico podemos supor qual parte do sistema nervoso foi acometida e pressupor qual afecção estamos lidando. Dentre as principais afecções do sistema nervoso dos equinos estão o trauma, encefalite por Herpes vírus e Mieloencefalite protozoária equina, outras doenças como a raiva e tripanossomíase também podem acometer esses animais, sendo o exame neurológico e os exames complementares peças chave para o diagnóstico da doença. 

Metodologia

Foi atendido no Hospital Veterinário da Faculdade integrado de Campo Mourão - PR, um equino macho, da raça Quarto de milha, de três anos de idade. Segundo o proprietário o animal a mais ou menos 15 dias apresentou aumento de volume na face esquerda e decúbito lateral esquerdo, foi solicitado a visita de um medico veterinário que suspeitou de doença periodontal ou Mieloencefalite protozoária equina, sendo instituído um tratamento a base de fenilzutazona e penicilina, passado uma semana sem melhoras significativas o médico veterinário voltou a propriedade e administrou um medicamento (desconhecido pelo proprietário) e a partir de então passou a apresentar andar em círculos e excitabilidade, quadro que o levou a queda, provocando escoriações na região cochal do membro pélvico esquerdo. Mediante ao quadro o médico veterinário encaminhou o animal para o Hospital Veterinário da Faculdade Integrado de Campo Mourão. . 

Resultados

Ao avaliar a integridade encefálica o animal apresentou alteração de comportamento, nível de consciência diminuído (compressão da cabeça contra a parede), desvio da cabeça ao se alimentar e uma cegueira parcial (esquerda) e comprometimento das funções dos pares de nervos cranianos (facial, oculomotor e optico), os quais foram notados pela ptose labial, palpebral e auricular, atrofia do masseter, além de não movimentar e responder ao teste de ameaça do globo ocular, ainda no passo foi possível notar ataxia e paresia do membro pélvico esquerdo o qual se agravava ao trote, predispondo o animal a quedas. Por meio da anamnese e exame neurológico a suspeita principal foi lesão encefálica, a qual poderia ser relacionada com a administração de medicação na artéria carótida ou trauma uma vez que esse animal convivia com outros animais, no entanto para descartar a mieloencefalite protozoaria equina foi sugerido ao proprietário em realizar o exame confirmatório o qual não autorizou coleta de material. Diante o quadro e a falta de recursos para um diagnóstico definitivo o tratamento baseou-se em ambas as suspeitas sendo empregado a utilização de toltrazurila na dose de 7,5mg/Kg por 30 dias, dimetilsulfoxido (DMSO) na dose de 1g/Kg por 3 dias seguido por vitamina B1 na dose de 3 mg/Kg por 7 dias, dexametasona na dose 0,2/Kg por 3 dias seguido por fenilbutazona na dose de 4,4mg/Kg por 2 dias. Ao décimo dia de tratamento o animal havia melhorado consideravelmente com redução da ataxia, paresia e ptose labial, auricular e palpebral, com retorno da movimentação do globo ocular e parcial retorno a visão, sendo dada a alta hospitalar. E retorno marcado para posterior avaliação do quadro neurológico ao termino da administração da toltrazurila. Possivelmente a melhora do quadro neurológico está relacionada a redução da inflamação do local afetado, uma vez que os sinais de inflamação tais como o edema culminam  em compressão de tecidos nervosos vizinhos, levando a melhora do quadro clínico, independente da causa, no entanto dependendo da causa primária o equino pode apresentar sequelas irreversíveis do caso a qual será avaliada em retornos seriados.

Considerações Finais

Neste trabalho podemos concluir que se realizado os exames complementares teríamos um diagnostico eficiente, sendo este de extrema importância para o tratamento especifico da lesão e prognóstico.