Introdução e Objetivo
O Parque Estadual Vila Rica do Espírito Santo, localizado no município de Fênix, PR, tem em seus limites as ruínas da segunda fundação da cidade colonial espanhola de Villa Rica del Espiritu Santo, estabelecida ali de 1589 a 1632. Atualmente, o Parque tem sofrido prejuízos advindos da superpopulação de Javaporco, animal originado do cruzamento do porco doméstico com o javali. A espécie apresenta robustez física, vive em bandos e apresenta boa adaptação ao clima da região. Dentro do Parque, o javaporco compromete a integridade e a diversidade dos habitats; no entorno, invade áreas de cultivo e destrói grandes áreas de plantações, causando prejuízos significativos à atividade agrícola da região. Várias ações de controle e erradicação da espécie são propostas, algumas delas de alto custo, e bastante polêmicas, como, a caça autorizada. O objetivo do trabalho foi verificar a situação atual da invasão dos Javaporcos nas lavouras do entorno do Parque Estadual Vila Rica do Espírito Santo.
Metodologia
Foi realizado um levantamento bibliográfico constituído de pesquisa ao acervo da Biblioteca Municipal da Cidade de Fênix, estado do Paraná, e leitura de artigos científicos publicados e disponíveis na internet, além de consultas a outros materiais com abordagem sobre o tema. Foram considerados também, relatos de agricultores da região a respeito de ataques de javaporco em suas lavouras.
Resultados
O animal popularmente chamado “javaporco”, e suas variações intermediárias, tem origem na hibridação entre porcos domésticos (Sus scrofa domesticus) e o javali europeu asselvajado (Sus scrofa sp.). O javaporco’ é considerado uma das cem piores espécies exóticas invasores do planeta. Há inúmeros registros de predações e outras inconveniências de ordem socioeconômica e ambiental causadas por este animal em várias regiões do Brasil. Na cidade de Fênix, no entorno do Parque Estadual Vila Rica do Espírito Santo, diversos agricultores relatam problemas e prejuízos com a invasão de javaporcos em suas plantações. Os ataques às lavouras são realizados por bandos desses animais que, em poucos dias, destroem lavouras inteiras. Na tentativa de barrar o avanço do Javaporco nas lavouras, agricultores da cidade de Fênix vem tomando a iniciativa de instalar cercas elétricas no intuito de dificultar a entrada dos animais em suas terras. Segundo esses agricultores, mesmo elevando os custos de produção, o investimento ameniza os prejuízos advindos das perdas amargadas pela destruição de parte da safra. O IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) busca meios e ações de manejo para conter a reprodução e consequente proliferação da espécie. Em 2013, quando da edição da Instrução Normativa IBAMA nº 3/2013, de 31 janeiro de 2013, o javali europeu (Sus scrofa) foi reconhecido como “animal exótico invasor e nocivo às espécies nativas, aos seres humanos, ao meio ambiente, à agricultura, à pecuária e à saúde pública”. A partir de então, foi autorizada a caça desse animal, porém, sob uma série de exigências e critérios que devem ser observados. A caça é liberada apenas nas propriedades atacadas, mas os produtores reclamam da burocracia para lidar com o controle da invasão desses animais junto ao IBAMA. Vale ressaltar que o javaporco abatido não pode ser transportado de um lugar para outro e a carne do animal não deve ser consumida nem comercializada, isto porque, não se trata de uma caça simplesmente, mas sim, de um controle (manejo) populacional.
Considerações Finais
Constatou-se que as invasões de javaporcos às lavouras no entorno do Parque Vila Rica do Espírito Santo causam significativos prejuízos aos agricultores. As ações postas em prática não são suficientes para erradicar o problema. Avalia-se ser importante a estruturação de uma rede local de manejo da espécie, envolvendo produtores rurais, órgãos estatais e caçadores autorizados para uma análise mais abrangente sobre a questão e as estratégias conjuntas de combate e manejo do javaporco.