Introdução e Objetivo
A qualidade da semente de soja, pode ser influenciada por diversos fatores, entre estes os danos causados por percevejos sugadores, principalmente Euschistus heros (percevejo-marrom) que afetam seriamente o seu rendimento e a sua qualidade. Ao provocarem a murcha e má formação dos grãos e vagens, a planta de soja não amadurece normalmente, permanecendo verde na época da colheita. O processo de alimentação dos percevejos fitófagos consiste na inserção de seus estiletes e sucção dos nutrientes no tecido vegetal, causando danos diretos e irreversíveis que resulta em reduções de vigor e de viabilidade. O presente estudo pretende avaliar a influência da porcentagem de sementes danificadas por percevejos na qualidade fisiológica das plântulas da soja.
Metodologia
O trabalho foi realizado na área experimental de uma cooperativa agrícola no município de Campo Mourão-PR em sistema de estufas fechadas. A semeadura aconteceu no dia 27/08/15, sendo finalizado a parte de campo dia 05/09/15, a cultivar escolhido Nidera 5909 RG, categoria C2, peneira 6,5 mm. Foram utilizados cinco tratamentos sendo, testemunha (T1), T2, T3, T4 e T5. A testemunha (T1), foi representada por sementes livres de danos, T2, T3, T4, formados por 10%, 20% e 30% respectivamente por sementes danificadas e o restante sem danos. No tratamento (T5), todas as sementes apresentam perfurações por percevejos. Cada tratamento foi montado com 100 sementes e cinco repetições. Efetuou-se o tratamento com o fungicida de contato e sistêmico Derosal Plus. Na coleta dos dados, efetuou-se o arranquio das plântulas com auxilio de espátula, onde foi verificado a presença de algum dano na plântula, considerou-se como plântulas normais as que não apresentaram defeitos.
Resultados
Referente à normalidade das plântulas, foi possível perceber diferença significativa quando comparado o T1 (testemunha), com o T5 (100% danificados). Um lote com excelente porcentagem de germinação (92%), reduziu sua viabilidade para 60,4% se tornando improprio para a comercialização. A maioria das plântulas avaliadas e consideradas anormais apresentaram problemas, seja, no sistema radicular, hipocótilo, epicótilo ou nos cotilédones mostrando que a ação da perfuração dos percevejos atingem estruturas que são fundamentais para o desenvolvimento das plântulas. Quanto aos tratamentos T2, T3 e T4, testados com 10, 20 e 30% de danos respectivamente, demostraram que a medida que se elevou as porcentagens de sementes danificas, diminui também a viabilidade dos lotes estudados. As porcentagens, 20 e 30% não apresentaram diferença significativa. Avaliando os resultados obtidos no experimento e considerando a legislação de sementes em vigência no Brasil torna-se necessário analisar alguns pontos. De acordo com as normas de produção, Lotes com germinação mínima de 80% poderão ser comercializados sem nenhuma restrição, sendo assim, T2, T3 e T4, estão prontos para o plantio. Diante de toda a importância representada pelas sementes no processo produtivo, é necessário estender os estudos para confirmar este critério. Avaliando os hábitos alimentos dos percevejos pentatomídeos, percebe-se que os mesmos praticam a denominada “picada de teste”, ou seja, nem todas as sementes são perfuradas totalmente pelo estilete destes insetos. Portanto, este comportamento, pode ter tido interferência nos resultados dos tratamentos 2, 3 e 4, onde os grãos apresentaram sinais no tegumento mas não sofreram perfurações profundas que pudessem danificar os tecidos embrionários das sementes.
Considerações Finais
Fica evidente que as infestações de percevejos na cultura da soja apresentam prejuízos significativos para o sistema produtivo de sementes. Através do presente estudo, foi constatar que quanto maior a incidência de sementes perfuradas maior a porcentagem de plântulas com algum defeito em sua estrutura vegetal.