Introdução e Objetivo
Diante da complexidade crescente das demandas educacionais contemporâneas, ampliam-se, também, as exigências sobre o professor, o responsável por viabilizar o processo ensino-aprendizagem na escola, neste contexto cada vez mais desafiador. Neste sentido, um desafio que muito prejudica o processo educativo nas salas de aula é a indisciplina, a incivilidade, pequenos ou grandes gestos de violência escolar.
Recentemente, um vídeo expondo o comportamento violento de uma criança, registrado em uma escola municipal carioca, viralizou nas redes sociais. O caso adquiriu repercussão nacional e mobilizou comentários do público e de especialistas, gerando diferentes abordagens para o problema. Diante disso, buscamos analisar o fato e sua repercussão, para melhor compreendê-lo, classificando os comportamentos que afetam a rotina escolar e os possíveis encaminhamentos para cada problema. Além disso, buscamos uma reflexão sobre as questões éticas envolvidas na divulgação de casos como este.
Metodologia
O acesso ao vídeo e à sua repercussão inspirou uma série de reflexões. Por isso, foi adotado como método a pesquisa bibliográfica, que teve como base diferentes materiais. Além do próprio vídeo disponibilizado no youtube, foi analisado o material jornalístico que abordou o assunto e o referencial teórico de diferentes autores. O artigo de Sílvio Gallo - Filosofia da Educação no Brasil do século XX: da crítica ao conceito (2007) - subsidiou a reflexão sobre a importância de o professor atuar também como filósofo, concebido como profissional que age e transforma a realidade ao criar conceitos. Foi também utilizado o livro Didática, publicado em 2010 pelas professoras Denise Puglia Zanon e Maiza Taques Margraf, o qual propõe a importância de se classificar cada tipo de mau comportamento dentro da escola, a fim de melhor compreendê-los e intervir de maneira adequada. Além disso, foram usadas diferentes fontes de pesquisa que debatem o tema da indisciplina, da violência e das incivilidades.
Resultados
No âmbito escolar, a invicilidade vem tomando proporções cada vez mais significativas e prejudicando muito a interação entre alunos e professores, mas também presentes em outras relações, de forma a comprometer o processo de ensino-aprendizagem.
Segundo os estudiosos, comportamentos como os registrados no vídeo são resultantes das mudanças que ocorrem nos padrões sociais, principalmente com relação à família que passa por um processo de transformação, de redefinição de valores, porém seu reflexo na sala de aula é sentido em proporções bem relevantes, pois é cada vez mais comum percebermos tais práticas. A indisciplina e as diferentes formas de violência prejudicam o êxito do processo de ensino-aprendizagem, porque fazem com que muito tempo da aula seja tomado para intervenções do professor sobre o comportamento da classe ou de algum aluno e, além disso, quando elas são intensas e se tornam frequentes demais, elas acabam por desestimular o professor a prosseguir com a aula.
No entanto, cabe ao professor, enquanto gestor do ensino em sala de aula, o papel de primeiramente avaliar qual é o tipo de problema que está afetando a aprendizagem ou a boa convivência em sala, se é a indisciplina, a incivilidade, a violência ou o bullying. Para cada problema, espera-se uma intervenção diferenciada. É importante observar, também, se o problema cabe a um aluno somente, ou a um grupo ou à turma toda. Se o problema é indisciplina, os comportamentos ferem um código de regras da instituição e é necessário um diálogo sobre as regras de contrato de aprendizagem entre turma, professor e equipe pedagógica. Se o problema é de incivilidade, vale a pena uma conversa sobre ética, sobre a importância de uma convivência civilizada e socialmente aceitável como satisfatória. Às vezes, porém, o problema foge à nossa esfera de atuação e reflete situações que vão além das nossas competências. Certos casos de violência, por exemplo, requerem uma intervenção diferenciada, com a participação da equipe gestora e até de outros órgãos competentes.
Em relação à postura dos profissionais da escola que divulgou o vídeo nas redes sociais, observa-se uma atitude impulsiva, equivocada, imprudente e antiética. A situação nos desafia a pensar sobre a importância de uma postura ética e constantemente reflexiva, no exercício da profissão docente que, por sua vez, está imprescindivelmente associada à função do filósofo da educação.
Considerações Finais
Indisciplina e incivilidade se revelam complexas e ameaçam o funcionamento e a convivência escolares. Se a escola enfrenta mudanças significativas e dificuldades para se ajustar aos novos desafios, é preciso buscar uma compreensão plena dos problemas, envolvendo a comunidade na busca de soluções pertinentes. Portanto, as relações na escola precisam ser compreendidas não somente na dimensão do indivíduo, mas também do coletivo, não somente como prática, mas também como práxis pedagógica.