Introdução e Objetivo

A prevalência dos erros de medicação com os Medicamentos Potencialmente Perigosos (MPPs) está diretamente relacionada à segurança do paciente. Os erros relacionados aos MPPs podem chegar a 44% em locais que não contam com protocolos e sistematização da dispensação. Nos Estados Unidos, estima-se que cerca de 98.000 pacientes morrem por ano por consequência desses erros.

    Os erros geralmente acontecem por falta de atenção ou falta de preparo profissional. Aproximadamente metade dos profissionais de saúde que trabalham em um hospital entram em contato diário com algum MPP, pelo menos 14,2% admitem terem cometido erros com esses medicamentos, sendo 46% quase-acidentes graves.

É importante que esses profissionais tenham acesso às informações essenciais de utilização dos MPPs de maneira prática e objetiva para evitar as chances de erros, dessa forma, o objetivo do presente estudo foi identificar os MPPs de uma instituição hospitalar e verificar seu manejo dentro da farmácia do hospital.

Metodologia

O hospital do estudo está localizado na região noroeste do Paraná, na cidade de Campo Mourão e recebe pacientes da 11a regional de saúde do estado. Trata-se de um hospital geral, com 200 leitos distribuídos em 15 setores, e atende por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), de convênios e particular.

A partir da relação publicada pelo Institute for Safe Medication Practices (ISPM EUA) foram identificados todos os MPPs constantes na instituição que estavam disponíveis na Farmácia do Hospital. Os medicamentos foram agrupados pelo Sistema de classificação Anatômica Terapêutica e Química (Anatomic Therapeutic Chemical - ATC) proposto pelo WHO Collaborating Centre for Drug Statystic Methodology, um instituto norueguês de saúde pública,  de acordo com a denominação comum brasileira (DCB) e agrupados para análise descritiva. Os medicamentos também foram avaliados com relação ao seu manejo dentro da farmácia hospitalar.

 

Resultados

No total foram identificados 85 medicamentos classificados como MPP no Hospital analisado, o maior número de MPPs atua como antineoplásicos (L01) e corresponde a 36,53% dos medicamentos. Atuantes no sistema nervoso (N01) são 15,29%, dos quais estão halotano, isoflurano, tiopental sódico, fentanila, alfentanil, cetamina, etomidato, propofol, morfina, diazepam, hidrato de cloral e midazolam. Medicamentos que atuam no sistema cardiovascular (C01) representam 14,11%, entre eles estão digoxina, deslanosídeo, lidocaína, amiodarona, norepinefrina, dopamina, dobutamina, metaraminol, epinefrina, clonidina, nitroprusseto de sódio e metoprolol succinato. Atuantes no sistema circulatório e em órgãos hematopoéticos (B01) correspondem a 10,58%, os fármacos que compõe esse grupo são varfarina, heparina, enoxaparina, estreptoquinase, alteplase, cloreto de sódio 20%, glicose hipertônica, cloreto de potássio injetável e sulfato de magnésio. Os medicamentos atuantes no tratamento do diabetes (A10) correspondem a  5,88% do total, dentre eles estão insulina humana e NPH, glibenclamida, metformina e clopropamida. Na classe V0 encontram-se os medicamentos de outras terapias, com 4,7% como naloxona, mesna, água estéril para inalação e iobitridol. Dentre a classe dos medicamentos atuantes no sistema respiratório (R03) com 3,53% estão fosfato de salbutamol, sulfato de terbutalina  e codeína. Os bloqueadores neuromusculares (M03) representam também 3,53% sendo eles suxametônio (succilcolina), atracurio e rocurônio. Perfazendo 2,35% estão os hormônios atuantes no hipotálamo (H01) como a vasopressina e ocitocina. O único MPP de ação dermatológica (D04) encontrado foi a prometazina, que corresponde a 1,17%. O único MPP identificado com ação hormonal (G03) com 1,17% foi ciproterona e com ação antifúngica (J02) também com 1,17% foi a anfotericina B. Todos os MPPs estavam armazenados juntamente com os outros medicamentos sem identificação de alerta de segurança, além disso não foi identificado um manual de procedimento operacional padrão (POP) para o manejo dos mesmos.

 

Considerações Finais

A partir dessa avaliação, foi possível verificar todos os MPPs presentes na instituição e a carência de informações ao seu respeito, percebe-se ainda a necessidade de mudanças no armazenamento e criação de manual de Procedimento Operacional Padrão (POP) para seu manejo pela farmácia do hospital.

O presente estudo segue com a elaboração de etiquetas de alerta para MPPs, separação física dos mesmos em relação aos demais medicamentos e a elaboração de um protocolo de armazenamento e dispensação.