Introdução e Objetivo
Em um ambiente hospitalar, a mudança da rotina e o estresse gerado pela estadia geram mudanças significativas na ingestão alimentar, o que requer constante avaliação da aceitação. A preocupação com o estado nutricional de crianças hospitalizadas tem sido crescente, visto que a desnutrição causa aumento da mortalidade e tempo de internação. A dietoterapia traz a utilização dos alimentos como uma ferramenta para o tratamento de doenças e promoção da saúde. Uma refeição atraente e com valor nutricional adequado certamente proporciona ações positivas ao tratamento. Aliar a dietoterapia à gastronomia é uma alternativa na busca da satisfação do paciente. Neste sentido, a gastronomia hospitalar propõe conciliar a prescrição dietética e as restrições alimentares à elaboração de refeições saudáveis e saborosas. Sendo assim, o objetivo do trabalho foi verificar se os pratos ornamentados melhoram a aceitabilidade do público infantil internado em um hospital do município de Campo Mourão.
Metodologia
O presente estudo é de natureza quantitativa e transversal. O público alvo foram crianças de 2 a 12 anos, de ambos os sexos, internados na ala pediátrica do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Campo Mourão- Pr. Durante cinco dias foi aplicado o Teste de Escala Hedônica Facial, para verificar a aceitação da dieta geral servida durante o horário do almoço (sem ornamentações) e jantar (apresentado com ornamentação lúdica). Para posterior análise e determinação do Índice de Aceitação da refeição. Foi verificado o peso das refeições servidas no almoço e no jantar e das sobras. Os dados foram apresentados em médias, porcentagens e desvio-padrão e para a análise estatística de comparação de médias, foi utilizado o teste t de Student com nível de significância de 5%. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Faculdade Integrado sob parecer nº 089251/2015.
Resultados
Através das sobras das marmitas e as dos pratos ornamentados calculou-se as Porcentagens de Rejeição e de Aceitação. Segundo a literatura, uma refeição é considerada aceita se esta for superior a 90%, para o almoço obteve-se apenas 1 aceitação e no jantar 3 aceitações. Após análise estatística, pode-se concluir que não houve diferença significativa (p=0,51) entre a aceitação do prato sem e com ornamentação. Alguns pacientes demonstraram dificuldade em expor opinião sobre mudanças na alimentação ou rotina. Sousa e colaboradores citam que o ambiente hospitalar transforma os papéis sociais. A aceitação das refeições e do serviço, nem sempre são as melhores. A hospitalização se caracteriza por certa passividade, além do receio de serem mal interpretados ao reclamar das condições de cuidado e da alimentação. Por estarem enfermos e sendo medicados, a dificuldade em conseguir introduzir alimentos aumenta, pela falta de apetite como também pela diminuição do paladar. De acordo com Sousa, a presença da dor é um fator não dietético, que pode afetar o consumo alimentar dos pacientes avaliados. Na maioria das vezes, a criança internada apresenta alterações de paladar devido a sua patologia ou ao tratamento que é submetida, ou ainda pelo estresse gerado pela internação. O uso da técnica gastronômica tem uma grande influência no bem-estar das crianças, isso foi visível pelas suas expressões faciais e interjeições de entusiasmo ao receber o prato ornamentado. Sendo assim, a gastronomia é considerada um aspecto que influencia o bem-estar do indivíduo pois desperta a curiosidade para se alimentar com prazer.
Considerações Finais
Pode-se concluir que Porcentagem de Aceitação das dietas não foi estatisticamente significativa. O presente trabalho ajuda a incentivar uma boa alimentação e proporciona diversão às crianças, pois o ambiente hospitalar causa estresse emocional e ao receber o prato decorado a alegria e a satisfação se faziam presentes por ser algo diferente do dia-dia. A melhora da aceitação continua sendo um desafio, tornando-se mais importante o papel do nutricionista para suprir as necessidades dietéticas.