Introdução e Objetivo
A síndrome cólica em equinos é umas das enfermidades que mais causam perdas nesta espécie, esta afecção é caracterizada por dores abdominais de origem do sistema digestório ou não. Dentre as principais causas de síndrome cólica em equinos estão à má alimentação, gerada pelo desbalanço entre volumoso e concentrado, outro fator desencadeante é a mudança de hábitos dos animais, os quais passam a viver em baias, mudando sua rotina de alimentação. Os sinais clínicos condizentes com síndrome cólica são inquietação, cavar o chão, deitar e rolar, sudorese e com olhar com frequência para o flanco. Uma vez diagnósticadas a causa da síndrome cólica, dois possíveis tratamentos são delineados, o tratamento clínico ou tratamento cirúrgico quando necessário. Este trabalho tem por objetivo relatar o caso de um equino com síndrome cólica o qual apresentava encarceiramento nefro esplênico.
Metodologia
Foi atendido no Hospital Veterinário da Faculdade Integrado um equino, macho, castrado, 6 anos, 450 Kg com sinais compatíveis com síndrome cólica. Segundo o proprietário o animal em questão havia parado de comer e apresentava inquietação e tentativas de rolagem. Ao exame físico foi possível observar aumento da frequência cardíaca, tempo de preenchimento capilar aumentado, tugor cutâneo aumentado e mucosa oral seca, os movimentos peristálticos apresentavam diminuídos e a temperatura de 38,2ºC. O animal foi sondado e ao lavar o estômago constatou-se a presença de refluxo. A palpação retal foi possível palpar o baço deslocado medialmente, além da impossibilidade de palpação do rim e do ligamento nefro esplênico. Diante a suspeita de deslocamento e encarceiramento foi solicitado o exame ultrassonográfico abdominal, demonstrando um segmento de alça intestinal destendida por gás sobre o ligamento nefroesplênico esquerdo, sendo possível fechar o diagnóstico de encarceiramento nefro esplênico.
Resultados
O animal foi submetido a fluídoterapia com ringer lactato (totalizando 20 litros) com glucanato de cálcio (150mg/Kg) e administrado flunixin meglumine na dose anti-toxêmica. No momento foram cogitados três métodos pra reversão do quadro animal, dois métodos não cirúrgicos e um terceiro cirúrgico, o tratamento cirúrgico consiste na laparotomia exploratória, que quando identificado o cólon (flexura pélvica) é cuidadosamente destorcido e retirado do espaço entre o ligamento nefro esplênico e parede abdominal. Uma das opções não cirúrgicas consiste em posicionar o animal anestesiado em decubito direito, então ele é girado até atingir o decúbito dorsal e rolado novamente para o decúbito lateral direito esse movimento é repetido durante 5 a 10 minutos e por fim o animal é rolado até o decúbito lateral esquerdo em um movimento anti-horário, após essa manobra deve-se palpar via retal a região do ligamento, para confirmação se houve ou não a liberação do encarceiramento nefro esplênico. No entanto nenhum desses dois métodos foi empregado, sendo o segundo método não cirúrgico utilizado no tratamento deste equino, o qual consistiu na administração de adrenalina na dose de 10mg para até 450kg em 50 ml de solução fisiológica em 5 minutos de infusão. Na sequência o animal foi trotado cerca de 30 minutos, após este tempo o animal foi submetido a uma nova avaliação ultra-sonográfica sem que o rim esquerdo fosse observado, novamente o equino trotou por mais 30 minutos e solto no piquete, sem sinais de dor abdominal voltou a se alimentar. Este tipo de tratamento parte do principio que com a vasoconstrição dos vasos esplênicos ocorre à redução do seu tamanho, liberando a flexura pélvica e colón encarceirado, os quais tendem a voltar a sua posição anatômica. Na manhã seguinte o animal foi avaliado novamente e ao exame ultra-sonográfico constatou-se a reversão do quadro, sendo possível visualizar todas as estruturas em suas posições anatômicas, além da redução da parede esplênica. Após cinco dias de observação na ausência de dor abdominal e aumento da frequência cardíaca o animal foi liberado.
Considerações Finais
O encarceiramento nefro-esplênico é uma afecção de difícil tratamento e que necessita de experiência profissional para o seu diagnóstico. Ainda, apesar de na literatura ser classificado como uma enfermidade de tratamento cirúrgico este pode ser tratado de maneira clínica, quando possível. Sendo as principais vantagens do tratamento clínico sobre o cirúrgico, os custos reduzidos, a retomada das atividades atléticas em tempo insignificante e o não aparecimento de complicações.