Introdução e Objetivo
O emprego de plantas no tratamento de diversas doenças é costumeiro no Brasil. A pariparoba (Pothomorphe umbellatae) é uma planta nativa do cerrado brasileiro, tem características bem definidas, é um arbusto, com folhas largas e arredondadas e suas flores são inflorescências. Há necessidade de buscar novos ativos com potencial anti-inflamatório, pois alguns efeitos colaterais, ainda são limitantes na utilização destes medicamentos. Deste modo, há a necessidade de avaliar a resposta biológica e fisiológica contra um agente agressor, sendo este um agente microbiano, físico ou químico por meio da pesquisa de novos fármacos que tenham um potencial anti-inflamatório mais potente e com menores efeitos adversos. A pariparoba apresenta atividades farmacológicas, como antimicrobiana, antiinflamatória, antiedema, antimalárica, antileishmania, analgésica, antiulcerogênica, antioxidante e antiviral. O objetivo do estudo é avaliar a ação antiinflamatória tópica do gel de pariparoba.
Metodologia
O extrato foi elaborado com folhas frescas da Pariparoba na proporção de 10% em meio hidroetanólico. Os animais foram divididos em quatro grupos: 1 - Controle, Meloxicam (0,05% - G1); 2 - Extrato e Óleo Pariparoba (10% e 0,05% respectivamente - G2), 3 - Extrato de Pariparoba (10% - G3) e 4 - Óleo de Pariparoba (0,05% - G4). Inicialmente, foram avaliadas duas preparações tópicas com veículos diferentes: Gel 1, com derivado de celulose 1% e o Gel 2, com polímero de ácido acrílico 1%. A cada preparação tópica, foram adicionados os ativos citados acima, a fim de avaliar alguns parâmetros como pH, consistência, cor e odor e, após estas análises, foi escolhido um gel para avaliação do efeito anti-inflamatório nos animais. Foi realizada uma incisão dorsal com lâmina de bisturi e introduzido um pallet de algodão estéril subcutâneo com sutura simples. Ao fim de sete dias foi realizada a coleta de sangue dos animais para realização de esfregaço sanguíneo e análise microscópica.
Resultados
Após o processo operatório ocorreu a indução do processo inflamatório; foi observado através do processo de cicatrização a presença de vermelhidão, edema e alterações no comportamento dos ratos. Durante os tratamento houve a redução do edema, vermelhidão e a mobilidade do animal foi retomada. A inflamação aguda tem duração curta, tendo alterações vasculares, edema e infiltração basicamente de neutrófilos. Os resultados da avaliação microscópica foram: grupo G1, neutrófilos (53%) e linfócitos (47%); grupo G2, neutrófilos (31%) e linfócitos (67%); grupo G3, neutrófilos (26%) e linfócitos (74%) e o G4, apresentou neutrófilos (10%) e linfócitos (89%). A presença de células características do processo inflamatório foi observada em todos os tratamentos sendo que o grupo G4 foi o que apresentou maior potencial anti-inflamatório. Com relação aos géis, levando em consideração a ausência de conservantes após a realização do tratamento, não foi observada contaminação por agentes externos O Gel 1, apresentou melhor compatibilidade com os ativos durante a fase de incorporação e as características do agente gelificante (Celulose) com ativo não iônico contribuiu para este efeito em relação ao Gel 2 (ácido acrílico), que apresenta característica iônica. Os parâmetros sensoriais (cor, odor e consistência) avaliados não apresentaram variações significativas durante o teste, isto é, não observou-se alteração na cor inicial dos géis, não houve modificações no odor nas formulações testadas e a consistência, não foi comprometida com as diferentes associações. No entanto, o pH do Gel 2 apresentou pH 5 indicando uma alteração química no sistema, enquanto o Gel 1 apresentou pH 6. Provavelmente a polaridade do Gel 1, não iônico, apresentou maior estabilidade de pH pela ausência de carga elétrica o que não ocorreu com o Gel 2.
Considerações Finais
No estudo realizado, o veículo utilizado no preparo dos géis que apresentou melhor estabilidade foi o derivado de celulose, presente no Gel 1 e isso provavelmente é devido à sua carga elétrica. Com relação ao efeito anti-inflamatório dos géis, foi observado melhor resposta no grupo G4, tratado com óleo de Pariparoba, sendo este efeito superior ao controle com Meloxicam.