Introdução e Objetivo
Atualmente no Brasil, são coletadas por ano, em média, 3,5 milhões de bolsas de sangue. O índice brasileiro de doadores é de aproximadamente 1,8% da população. De acordo com parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS), para manter os estoques regulares é necessário que 1% a 3% da população faça doações regularmente. Embora existam pesquisas que apontem um número considerável de pessoas fieis ao ato de doar sangue, este número ainda não é suficiente para atender a demanda de transfusões sanguíneas, especialmente naqueles com tipos sanguíneos mais raros. Levando em conta que muitas pessoas não possuem informações corretas quanto ao procedimento da doação de sangue, este estudo teve como objetivo avaliar o nível de conhecimento da população da região da Comunidade dos Municípios da Região de Campo Mourão (COMCAM) sobre o ato de doar sangue e promover conscientização sobre a importância de ser doador de sangue.
Metodologia
Para o desenvolvimento desse estudo foi aplicado um questionário sócio epidemiológico, em moradores da região da COMCAM, no período de Setembro a Novembro de 2013. Nesta coleta foram analisadas as seguintes variáveis: idade, gênero, cidade, nível de escolaridade, estado civil, se já era doador de sangue, com que frequência fazia doações e se conhecia os requisitos básicos para ser doador de sangue.
Resultados
Participaram do estudo 154 pessoas, das quais 58% eram mulheres e esta população foi a que mais relatou doar sangue. Com relação à idade, 40% possuíam idades entre 17 e 27 anos, 24% entre 28 e 37 anos, 18% entre 38 e 47 anos, 10% entre 48 e 57 anos e 8% possuíam mais de 58 anos. Os entrevistados são moradores da região da COMCAM, dos seguintes municípios: Altamira do Paraná, Araruna, Barbosa Ferraz, Boa Esperança, Campina da Lagoa, Campo Mourão, Corumbataí do Sul, Engenheiro Beltrão, Fênix, Goioerê, Iretama, Janiópolis, Juranda, Luiziana, Mamborê, Nova Cantú, Nova Tebas, Peabiru, Quarto Centenário, Roncador, São João do Ivaí e Terra Boa. Metade dos participantes (50%) eram casados, seguido dos solteiros (43%), divorciados (5%) e viúvos (2%). O índice de doadores de sangue foi de 35% e destes, a maioria (46%) doou sangue apenas uma vez na vida e 4% afirmou realizar doações periódicas (três vezes ao ano). Dos 65% que nunca doaram sangue, os motivos mais relatados foram o medo (27%) e a impossibilidade (26%). Acredita-se que o medo seja devido à falta de informação, pois as pessoas têm conhecimento do que é necessário para ser doador, mas desconhecem o procedimento. A impossibilidade pode estar associada ao fato de na região existir apenas um hemonúcleo localizado em Campo Mourão, o que acaba dificultando o acesso ao local, pois algumas cidades estão localizadas a 150 km de distância. Como impossibilidade também foi relatado baixo peso, idade, presença de doenças e falta de tempo. Em relação ao nível de escolaridade, observou-se que a maioria dos participantes possuía nível superior incompleto (41%), seguido do superior completo (27%), médio incompleto (25%), médio completo (6%) e fundamental incompleto (1%). A escolaridade pode estar relacionada ao desconhecimento acerca do procedimento e consequentemente, inviabilizando a doação. Quanto à conhecerem os requisitos para serem doadores 66% das pessoas responderam que conhecem os requisitos, porém destes, somente 35% são doadores de sangue.
Considerações Finais
A pesquisa demonstrou que na região da COMCAM menos da metade dos entrevistados doam sangue periodicamente. Embora a maioria das pessoas conheçam os requisitos para ser doador, falta vontade e conhecimento sobre a importância de tal ato de nobreza. Acredita-se que ações educativas e mobilizações sociais, que chamem a atenção da sociedade, possam formar doadores conscientes, responsáveis e comprometidos com a saúde da população.