Introdução e Objetivo
A pele é um órgão complexo com uma grande variedade de funções, sendo constituída por diferentes tipos de células e encontrando-se em constante exposição ao meio ambiente. Em virtude de sua estrutura complexa e constante exposição, uma enorme variedade de tumores pode acometer esse órgão.
Existem vários agentes e fatores biológicos que são importantes no desenvolvimento de tumores de pele, porem na maioria das as vezes a etiologia e desconhecida. Das diversas condições oncogênicas que a pele está exposta, pode-se citar os raio ultravioletas, que é o fator predisponente no aparecimento dos carcinomas de células escamosas (CCE) e o hemangiossarcoma
O carcinoma de células escamosas (CCE) é um tumor maligno dos queratinócitos. Também conhecido como carcinoma de células espinhosas, carcinoma espinocelular ou carcinoma epidermóide.
Assim este trabalho tem como objetivo relatar um caso de tumor cutâneo maligno, descrevendo sua evolução clínica, prognóstico e tratamento.
Metodologia
Foi atendida no Hospital Veterinário da Faculdade Integrado de Campo Mourão, um canino, macho, da raça pit bull, pelagem branca, de idade estimada de cinco anos e pesando 29 Kg. A queixa principal era o aparecimento de "feridas" na região abdominal há quatro meses.
Ao exame clinico constatou-se a presença de tumores ulcerados, não hemorrágicos, com aspecto “couve flor”, consistência firme e aderido na região abdominal e prepúcio. E observou aumento do linfonodo inguinal esquerdo. Foram realizados os exames complementares onde não foram verificados alterações significativas nos exames sanguineos e de imagem. A citologia dos nódulos foram inconclusivas.
Após o paciente foi encaminhado para procedimento cirúrgico e devido ao grau de comprometimento da neoplasia optou-se pela penectomia total associada a uretrostomia pre escrotal. O animal permaneceu internado por mais uma semana sendo mantido com antiobióticos, analgésicos e limpeza e curativo da ferida duas vezes ao dia.
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Resultados
Os cães afetados com CCE apresentam idade superior a 5 anos, com maior ocorrência em cães com pele pobremente pigmentada, e as lesões se desenvolvem associada a uma exposição contínua a radiação ultravioleta emitida pela luz solar. O canino relatado era de pelagem branca que frequentemente estava exposto ao sol. Por isso era um animal predisposto a desenvolver neoplasia maligna cutânea, além disso são comum o desconforto e prurido constante da lesão que tende a ulcerar. As tumorações no abdômen, na região do prepúcio desse cão, estavam extensamente ulceradas. Na maioria das vezes, as lesões causadas pelo CCEs são solitárias, porém podem se apresentar em múltiplos locais, sendo denominadas de carcinoma multicêntrico. O CCEs é extremamente invasivo, mas de crescimento lento e com baixo potencial para metástases. Essas, quando ocorrem, localizam-se geralmente nos linfonodos regionais. Metástases para o pulmão e outros órgãos são menos comuns. O animal deste relato apresentou metástase no linfonodo inguinal esquerdo, o que já era esperado, pois, a característica deste carcinoma, sugere metástase em linfonodos regionais. O tratamento de escolha é a excisão cirúrgica com ampla margem e associação da quimioterapia e radioterapia ou ainda criocirugia. No caso relatado a escolha da técnica cirúrgica, foi considerado a extensão da lesão e o grau de comprometimento bem como a metástase para o linfonodo inguinal. Por isso foi necessário a ressecção total do pênis, do nódulo lateral e linfonodo inguinal, onde existem riscos pós operatórios que não garantem sucesso da cirurgia. Na maioria das vezes é necessário uma segunda intervenção cirúrgica. O paciente deste relato não foi possível realizar a quimioterapia devido a complicações pós operatórias e a presença de sinais neurológicos onde optou-se pela eutanásia suspeitando de metástase cerebral. O diagnóstico das neoplasia cutâneas se iniciam no histórico do animal, lesões macroscópicas e pode ser sugerido no exame citológico. Porém o diagnóstico definitivo do CCE só poderá ser obtido pelo exame histopatológico. Após a ressecção dos nódulos foram confirmados no exame histopatológico como carcinoma espinocelular do animal em questão. O prognóstico dos tumores malignos cutâneos são favoráveis quando diagnosticados precocemente e sem sinais metastáticos, quando realizada a técnica cirúrgica adequada e associação com a quimioterapia. O caso em questão já estava em um estágio avançado sugerindo um prognóstico ruim.
Considerações Finais
Os carcinomas de células escamosas são neoplasias malignas que frequentemente acometem animais de pelagem clara e pele despigmentada. Por isso é necessário um diagnóstico conclusivo e precoce, devido ao seu alto grau de invasão e infecções decorrentes. O caso relatado nao obteve sucessso devido ao comprometimento tumoral e as complicações cirurgicas decorrentes.