Introdução e Objetivo
O milho é o principal cereal produzido no mundo e se constitui como uma das principais fontes energéticas e de alimento, ocupando cerca de 7% de toda área agrícola do mundo com área plantada de 162 milhões de hectares e produção estimada em 989 milhões de toneladas, com o Brasil sendo o terceiro maior país produtor do mundo. Dentre os principais fatores limitantes no incremento de produtividade está a lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae), sendo a principal praga da cultura, causando em condições de ataque severo redução da produtividade de 20% a 40%. Os inseticidas dos grupos químicos das Diamidas, Espinosinas e Oxidiazinas vem sendo amplamente utilizados devido a sua alta eficiência, porém seu uso via tratamento de sementes ainda não possui registros. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito dos inseticidas Clorantraniliprole, Espinosade, Indoxacarbe e Tiodicarbe via tratamento de sementes sobre os danos da lagarta-do-cartucho na cultura do milho.
Metodologia
O delineamento experimental foi em blocos casualizados num esquema fatorial 5x11 totalizando 55 tratamentos com quatro repetições. O primeiro fator constou de moléculas inseticidas de Clorantraniliprole, Espinosade e Indoxacarbe, que foram testadas sob três dosagens, além do produto Tiodicarbe 35%, que já possui recomendação de uso via tratamento de sementes para o controle da lagarta-do-cartucho e um sem tratamento de sementes (testemunha). Para a adesão do produto ao tegumento da semente foi adicionado o polímero Florite, na dose de 5 ml/Kg de sementes. Avaliações aconteceram 7 dias após a semeadura e após isso a cada 7 dias periodicamente, utilizando uma escala de danos foliares para atribuir notas, além do percentual de grãos ardidos e avariados através da separação e pesagem de uma amostra com o auxílio de uma balança de precisão. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade.
Resultados
Os resultados apresentados nas avaliações realizadas aos 7 e 14 dias após a emergência das plantas (DAE), mostraram que os danos foliares ocasionados pela lagarta-do-cartucho nas plantas de milho, não atingiram a nota 1,00 (planta com folhas raspadas), não diferindo significativamente do tratamento sem aplicação de inseticida nas sementes (testemunha). Este fato ocorreu devido a baixa população inicial da praga na área de pós-soja, que não é tida como uma cultura de preferência alimentar desta lagarta, associado ao tempo de desenvolvimento inicial da praga na cultura alvo. Aos 21 DAE, houve diferenças significativas de danos entre os tratamentos e testemunha, exceto naquele com aplicação de Indoxacarbe 3,0 g/kg, onde as plantas apresentaram folhas com pequenas perfurações. As menores notas de danos observadas nos tratamentos a base de Clorantraniliprole, Tiodicarbe e Espinosade, se deram devido à ação dos inseticidas sobre a praga alvo. Nas avaliações realizadas aos 28 e 35 DAE, observou-se um aumento expressivo nas notas de danos o que caracteriza o término do período residual dos produtos ou diminuição na concentração de produtos de modo que os tratamentos propostos não diferiram da testemunha. Os tratamentos com Clorantraniliprole (0,62 g/kg, 1,24 g/kg e 1,87 g/kg), Espinosade (1,2 g/kg, 2,4 g/kg, 3,6 g/kg) Indoxacarbe (1,5 e 4,5 g/kg) e Tiodicarbe (7,87 g/kg), apresentaram efeito positivo no controle de danos aos 21 DAE. Os tratamentos com Indoxacarbe provocaram redução no percentual de germinação de sementes de milho e consequente redução na produtividade final. Quanto à produtividade, exceto os tratamentos com Indoxacarbe onde houve redução no rendimento, os demais não apresentaram diferença significativa de produtividade. Os tratamentos com Clorantraniliprole (0,62 g/kg, 1,24 g/kg e 1,87 g/kg), Espinosade (1,2 g/kg, 3,6 g/kg) e Tiodicarbe (7,87 g/kg), se mostraram superiores aos demais no que se refere a grãos ardidos, brotados e avariados. Os resultados positivos que alguns tratamentos apresentaram sobre a testemunha, demonstram a importância do tratamento de sementes como ferramenta de controle no manejo da lagarta-do-cartucho devido o efeito preventivo que possibilita uma maior “janela” entre semeadura e aplicações na parte aérea, bem como evitar danos precoces as plantas recém-emergidas.
Considerações Finais
Pode-se concluir que existe um potencial na pesquisa de tratamentos de semente com diferentes grupos químicos visando o controle da lagarta-do-cartucho e consequente aumento da produtividade, além de propiciar menor necessidade do uso de produtos químicos pós-emergência visando uma produção mais sustentável e menos danosa ao meio ambiente.