Introdução e Objetivo
Os peixes são animais sensíveis a muitos agentes contaminantes, os efeitos do mesmo podem se manifestar em vários níveis de organização biológica. Essas respostas biológicas ao estresse provocado pelos poluentes podem ser utilizadas para identificar sinais de danos aos peixes que são denominados biomarcadores, portanto, excelentes ferramentas para monitorar a saúde do ecossistema aquático. O epitélio branquial é altamente sensível às variações ambientais, devido à sua multifuncionalidade, à vasta área de superfície e à sua localização relativamente ao meio externo se tornando um órgão chave para a ação de poluentes existentes no meio aquático. O presente estudo teve como objetivo avaliar as histopatologias branquiais da ictiofauna do rio São João em 10 pontos de coleta com diferentes níveis de antropização.
Metodologia
As coletas de peixes foram realizadas mensalmente durante julho de 2010 a agosto de 2011, sendo considerados para análise histológica pelo menos três exemplares de cada espécie de peixe em cada um dos dez pontos de coleta. As histopatologias foram avaliadas pelo Valor Médio de Alteração Histopatológica (VMA) e Índice de Alteração Histológica (IAH) para cada ponto de coleta. As alterações observadas incluíram especialmente: fusão total ou parcial da lamela secundária como resultado de hiperplasia e hipertrofia epitelial, telangiectasias (aneurismas) e descolamento epitelial lamelar.
Resultados
Os peixes procedentes de todos os locais de coleta, exceto do local 3, apresentaram histopatologias branquiais. Dentre as principais alterações diagnosticadas nas brânquias estão: Elevação do epitélio lamelar e edema subepitelial, hiperplasia lamelar e telangiectasias. Os tipos de alterações histopatológicas são indicativos de toxicidade da água. Considerando que o epitélio branquial responde aos fatores ambientais e a alterações internas do peixe, na presença de poluentes, as brânquias podem exibir modificações que são consideradas respostas de defesa.
Considerações Finais
Os resultados obtidos com as análises histopatológicas dos peixes do rio São João indicam os efeitos tóxicos de contaminantes da água deste corpo d’água. Apesar de os níveis de severidade verificados serem considerados de discretos a moderado, as alterações observadas sugerem prejuízo nas funções branquiais. Além disso, vale ressaltar que as lesões teciduais tendem a progredir para estágios mais graves caso a qualidade da água não melhore.