Introdução e Objetivo

Alfabetizar na ótica do letramento é uma tarefa difícil e o desempenho nesse processo, tem fornecido indicadores para pesquisas da situação educacional, no que tange o processo de alfabetização no Brasil. Este texto tem por objetivo analisar o uso dos gêneros textuais no processo de alfabetização na ótica do letramento, a fim de compreender como esses elementos são apresentados e encaminhados pelos Cadernos do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC). Nossa preocupação em relação a este processo deve-se a ênfase que mecanismos de avaliação tanto nacionais como o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) e internacionais como o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), tem atribuído as capacidades de ler, escrever, além de considerar as condições de participação da população em situações e instituições sociais letradas que impõem a necessidade de práticas de leitura e escrita de forma complexa.

Metodologia

Os materiais que nos serviram de fonte de pesquisa para análise foram alguns dos cadernos do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), publicados no ano de 2015, pois se constituem como a base para a formação dos professores que participam do PNAIC. Fizemos uso da pesquisa histórica com análise de documentos, revisão bibliográfica, pesquisa de campo e conversas informais com professores e pedagogos de duas escolas do município de Campo Mourão sobre o PNAIC, além do aporte das atividades de Estágio Supervisionado do Curso de Pedagogia. Buscamos realizar reflexões sobre as concepções teóricas que embasam os cadernos a partir de teorias que colocam em relevo a função social da escrita e da leitura.

Resultados

Com densas críticas às cartilhas de alfabetização enquanto instrumento de ensino, por muitos teóricos que se debruçam sobre os estudos de alfabetização e do letramento como Carvalho (2012) ao dizer que as cartilhas são artificiais e possuem pouco significado para as crianças. E ainda Cagliari (1998, p. 81-82) expressa que as cartilhas “[...] são materiais muito ruins, a maneira como [...] lidam com a fala e a escrita confunde as crianças [...]”. Em substituição às cartilhas o uso dos gêneros textuais é apontado tanto pelos cadernos do PNAIC, quanto por outros teóricos como recurso adequado para alfabetizar. Para Marcuschi (2010, p. 19), os gêneros textuais são “[...] fenômenos históricos, profundamente vinculados a vida cultural e social [...] contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia-a-dia [...]”. O PNAIC considera importante que além de aprender o sistema de escrita os alunos aprendam a produzir e ler textos em diversos gêneros textuais.  Os cadernos do PNAIC trazem várias sequências didáticas e experiências docentes no trabalho com gêneros textuais, mas com poucas orientações teóricas e ressalta a necessidade de cuidado na escolha dos textos e ter clareza na finalidade do trabalho com gêneros textuais. Pois, conforme PNAIC (2015d, p. 42), “[...] muitas vezes, os textos são escolhidos simplesmente porque são exemplares de dado gênero textual [...]”. E ainda de acordo com PNAIC (2015d, p.42) algumas práticas dão centralidade ao ensino da funcionalidade do gênero de forma equivocada. Apenas defender o uso dos gêneros textuais não basta. De acordo com Baltar (2005) carecemos enxergar esse trabalho como uma instrumentalização para o aluno com subsídios que lhes possibilitem a interpretação, a compreensão e a produção de gêneros textuais escritos e oralizados, podendo expressar-se por meio desses em situações letradas que exigem leitura e escrita.        A utilização dos gêneros textuais no processo educativo é um avanço, visto que estes se encontram em plena circulação em jornais, revistas, programas televisivos, empresas e outros. Esse trabalho faz com que a escola ensine a partir de estruturas com as quais o aluno se depara em seu dia-a-dia e não a partir de elementos artificiais exclusivos da vida escolar. O que amplia as possibilidades de aprendizagens significativas e faz com que os alunos tenham maiores chances de relacionar os conteúdos estudados com suas práticas vivenciadas.

Considerações Finais

Consideramos, a partir das nossas análises, que falta clareza da concepção teórico-metodológica dos cadernos do PNAIC, assim como as finalidades pedagógicas precisariam ficar mais claras. O prazo, a idade, e a presença de brincadeiras no processo de alfabetização precisam passar por análise crítica. O ensino da língua materna deve fazer-se de forma séria com a utilização dos gêneros textuais, pois, são instrumentos com mais possibilidade das crianças contatarem nas suas relações sociais.