Introdução e Objetivo

Pesquisadores afirmam que o planeta Terra já passa por um novo intervalo de tempo geológico, o Antropoceno, caracterizado pela influência humana na Terra. O Holoceno, época atual, teve início há 11,7 mil anos e seu fim teria se dado em algum momento entre o final do século XVIII e os anos de 1950. A identificação das épocas geológicas se faz por meio da caracterização das deposições de sedimentos nas camadas do solo (estratificação). Para os defensores do Antropoceno, a fase atual já apresenta significativas diferenças em relação ao Holoceno, pois mesmo que a humanidade seja extinta, seus vestígios serão visíveis na Terra por milhões de anos. Esses materiais, propensos à sobrevivência, são os chamados tecnofósseis. Nesse contexto, o objetivo do trabalho foi apresentar alguns apontamentos acerca do Antropoceno, que em breve deixará de ser um termo informal para se tornar uma época geológica de fato, pertencendo à Escala de Tempo Geológica oficial.

Metodologia

Foi realizada pesquisa bibliográfica em publicações diretamente relacionadas ao tema. Buscou-se informações em meios eletrônicos disponíveis em sites academicamente conceituados e artigos em revistas especializadas. Após a triagem do material, foram selecionadas as publicações de interesse e procedeu-se à redação da pesquisa.    

Resultados

O início das discussões sobre a “era dos humanos” data de meados do século XIX. Desde então, vários termos foram utilizados pelos especialistas, como Antropozoico, Psicozoico, Antropogeno, Noosfera e Tecnoceno. Nos anos de 1980, o termo Antropoceno (do grego anthroppos, homem) foi cunhado pelo ecólogo norte-americano Eugene Stoermer. Mas, foi o holandês Paul Crutzen, vencedor do Prêmio Nobel de Química de 1995, quem popularizou o termo. Em 2000, Eugene Stoermer e Paul Crutzen abordaram formalmente o conceito e introduziram o termo Antropoceno no título de um artigo para a Global Change Newsletter. De acordo com alguns pesquisadores, essa nova era iniciou-se em 1784, quando da invenção da máquina a vapor por James Watt e, consequentemente, início da Revolução Industrial. As evidências consideradas para a definição dessa nova época geológica são inúmeras, dentre as quais: acúmulo de fuligem e cinzas provenientes da queima de combustíveis fósseis encontrados em sedimentos e no gelo das regiões polares; gelo polar e geleiras continentais e de altitude com bolhas de dióxido de carbono (CO2) detidas em níveis elevados a partir dos anos de 1950; e uso de fertilizantes, alterações no ciclo de nitrogênio pelo uso crescente na chamada Revolução Verde. Tem-se também, os “tecnofósseis”, que são resíduos plásticos, concreto e demais materiais artificiais que se acumulam em depósitos sedimentares continentais e oceânicos. A nova fronteira do tempo geológico mostra marcas significativas e indiscutíveis da intervenção humana nos processos naturais globais, no transporte de sedimentos sendo suplantado por processos de construção, na ocupação e (mau)uso do solo, na captação e desvio dos cursos d’água, na extinção e introdução de espécies em novas regiões e até mesmo na criação de novos elementos na tabela periódica (os últimos 20 na tabela periódica). O progresso humano tem significado regresso ambiental e, tendo em vista o agravamento das alterações climáticas globais, cientistas afirmam que, além da época geológica denominada Holoceno, também será encerrado o período geológico Quaternário, recorte de tempo datado de 2,6 milhões de anos atrás.

Considerações Finais

Inúmeros estudos sugerem que já se tem evidências suficientes de que a humanidade se tornou uma força geológica, ou seja, um fenômeno capaz de transformar a paisagem e os ciclos biogeológicos em nível planetário. A intervenção humana no planeta Terra deu início a uma nova época geológica e os vestígios deixados pela espécie humana são tão profundos que serão visíveis nas camadas do solo daqui a milhões de anos, mesmo que a humanidade seja extinta.