Introdução e Objetivo

A prescrição de medicamentos no Brasil é regulamentada pela Lei 5.991/1973, que aponta os itens obrigatórios a ser descritos pelo prescritor. O preenchimento inadequado de uma prescrição pode resultar em consequências ruins para o paciente e contribuir significativamente para os erros de medicação. O farmacêutico deve assegurar a eficácia da terapia medicamentosa, verificando se o medicamento prescrito está adequado ao indivíduo, se há contraindicações e interações medicamentosas. Para isso, a prescrição de medicamentos deve estar preenchida de forma correta e, caso não estiver, é direito do profissional farmacêutico não dispensar o medicamento em questão. O mesmo pode explicar por escrito a razão da não prescrição, assiná-la em duas vias, devolvendo uma ao paciente e arquivar a outra ou enviar ao Conselho Regional de Farmácia (CRF) para análise. O objetivo deste estudo foi avaliar o conteúdo das prescrições de medicamentos apresentadas em farmácias de Campo Mourão e região.

Metodologia

Essa pesquisa foi realizada pelos alunos do curso de farmácia da Faculdade Integrado de Campo Mourão entre os meses de fevereiro e março de 2015. Cada aluno analisou 10 prescrições de medicamentos emitidas por médicos de toda a região de Campo Mourão. Em cada uma das prescrições foram analisadas as seguintes informações: redação manuscrita ou digitada, presença de rasuras, letra legível (quando aplicado), presença de data da prescrição, dados do médico, número da inscrição no Conselho Regional de Medicina (CRM), presença de assinatura, carimbo, nome correto do fármaco de acordo com a Denominação Comum Brasileira (DCB), duração do tratamento, quantidade do medicamento, posologia, via de administração, forma farmacêutica e apresentação do medicamento e nome do paciente. Foi considerada ilegível a redação que impossibilitava entender o que estava escrito, necessitando verificar a opinião de terceiros.

Resultados

Foram analisadas 201 prescrições de medicamentos e os erros encontrados foram: ausência de duração do tratamento (43,3%), redação com letra ilegível (30,4%), ausência de dados do médico (28,9%), nome do medicamento em desacordo com a DCB (17,5%), presença de rasuras (10,9%), ausência de forma farmacêutica ou dose (8,96%), erro ou ausência de posologia (6,97%) e falta de dados do paciente (1%).      

A presença de ilegibilidade de algumas prescrições analisadas implica na dificuldade de leitura, atrasando o atendimento farmacêutico e, além disso, torna difícil a leitura pelo próprio paciente. Quando não é possível compreender o que está escrito na prescrição, o farmacêutico deve se comunicar com o prescritor para esclarecer as dúvidas. Esta comunicação muitas vezes não acontece em função da ausência dos dados do profissional, fato verificado em muitas das prescrições analisadas (28,9%). A falta de dados para contato pode fazer com que medicamentos sejam dispensados erroneamente.

            Na prescrição devem conter dados do paciente para evitar erros na dispensação de medicamentos, principalmente para crianças e idosos, já que a dose e a forma de uso devem ser adequadas para cada faixa etária. A quantidade de prescrições com ausência dessas informações foi pequena (1%).                    

            Observou-se também informações que poderiam deixar dúvidas na dispensação do medicamento, como: uso de abreviações e falta de via de administração, dose ou informações adicionais necessárias. Algumas prescrições ainda estavam com a posologia errada ou esta não constava (6,97%), fazendo com que o farmacêutico tivesse que se comunicar com quem prescreveu ou pesquisar para poder atender o paciente, atrasando a dispensação.        

            As prescrições devem conter dose de apresentação do fármaco e também a dose prescrita, para que o farmacêutico saiba o quanto deve ser dispensado para o paciente. Apesar de ser um erro grave, algumas prescrições (8,96%) não apresentavam tais informações, dificultando a dispensação do medicamento, já que muitos possuem mais de uma forma farmacêutica.  Além disso, algumas prescrições não continham quantidade ou duração do tratamento.          

            Os profissionais prescritores devem compreender que uma prescrição de medicamento realizada adequamente é diretamente proporcional à qualidade do tratamento. 

Considerações Finais

Muitos erros foram encontrados nas prescrições de medicamentos analisadas e estes, dificultam a dispensação do medicamento e o sucesso da terapia. Medidas de regulamentação devem ser implantadas para evitar tais erros, como a prescrição eletrônica. Também é de extrema importância que o profissional prescritor tenha consciência da importância de uma correta prescrição, visando sempre proporcionar um tratamento com segurança ao paciente.