Introdução e Objetivo

O maracujá é um fruto tropical considerado exótico, cujo aroma e sabor são muito apreciados pelos consumidores.

No processo de produção da polpa de maracujá é gerada uma elevada quantidade de resíduos, aproximadamente 70% do peso do fruto, principalmente cascas e sementes. Portanto, isso evidencia a necessidade de estudos que possibilitem a utilização adequada desses resíduos e de forma econômica.

Cabe salientar que, para a utilização desse resíduo na nutrição humana e de ruminantes, é necessária a análise da composição química, a fim de proporcionar o adequado balanceamento da dieta. Além da importância do estudo das propriedades físico-químicas da casca do maracujá para identificar o seu uso em novos produtos.

Sendo assim, o presente estudo teve como objetivo avaliar a composição química da casca de maracujá azedo e respectivas características físicas de seis lotes de frutos destinados à produção de polpa em uma indústria localizada na região Sul do Brasil.

Metodologia

Para a determinação das características físicas dos frutos (peso, diâmetro equatorial e porcentagens de polpa com sementes e de cascas) foram coletadas amostras de seis lotes de frutos de maracujá azedo.

Para determinar o peso dos frutos, foi utilizada uma balança semi-analítica e o diâmetro equatorial foi determinado por meio da medição com fita métrica.

Para as determinações da quantidade de polpa com sementes e da quantidade de cascas foi realizado o corte dos frutos ao meio e separadas a casca da polpa com sementes e pesadas essas frações em uma semi-analítica. A partir dessas informações, foi possível determinar as suas respectivas porcentagens.

Para a análise da composição química das cascas as amostras dos diferentes lotes foram acondicionadas em embalagens, devidamente identificadas, e enviadas ao laboratório específico de análise e determinados os teores de matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo, cinzas, fibra em detergente ácido e fibra em detergente neutro

Resultados

Para realizar a identificação da classe dos utiliza-se a seguinte definição, sendo que:

i) Classe 1: diâmetro equatorial menor que 5,5 cm;

ii) Classe 2:   diâmetro equatorial igual a 5,5 a 6,5 cm;

iii) Classe 3: diâmetro equatorial igual a 6,6 a 7,5 cm;

iv) Classe 4: diâmetro equatorial igual a 7,6 a 8,5 cm, e;

v) Classe 5: diâmetro equatorial maior que 8,5 cm.

Na análise das características físicas realizada, foi possível notar que o peso médio dos frutos destinados a produção de polpa variou de 185 a 336 g e o diâmetro equatorial superior de 6,5 a 8,5 cm, pois pertence as classes 3, 4 e 5.

Em relação às porcentagens de cascas e polpa com sementes, os valores ficarão entre 44,6 a 48,2% para as cascas e entre 51,8 a 55,4% para a polpa com sementes, observando assim, que mesmo com a variação do peso médio dos frutos, não houve uma grande variação nas porcentagens citadas anteriormente.

Os resultados da análise de composição química dos lotes de frutos do maracujá foram expressos na matéria seca e em porcentagem e observa-se que os teores de matéria seca na casca do maracujá foram elevados e variaram entre 88,2 e 90,9%. Constata-se que elevados teores de umidade na casca do maracujá pode favorecer a proliferação de microrganismos e comprometer a qualidade do produto, por isso, necessita-se que seja realizada a secagem para obter melhor conservação do mesmo.

Os níveis de extrato etéreo na casca do maracujá variaram de 0,1 a 1,3% e os de proteína bruta de 4,0 a 7,4%, os baixos valores observados possibilitam a sua utilização na produção de alimentos menos calóricos.

Os teores de cinzas variaram de 3,5 a 9,0% e quando esses teores são elevados, indica a presença de altos teores de elementos minerais nas cascas, portanto, recomenda-se que seja realizado pesquisas referentes aos minerais presentes na casca do maracujá.

A fibra em detergente ácido variou de 35,4 a 42,0% e a fibra em detergente neutro de 42,0 a 54,2%. Quando o resultado da análise das fibras for elevado indica que novos produtos podem ser fabricados a base de fibras, obtidos a partir da casca do maracujá.

Para a utilização da casca do maracujá na nutrição de ruminantes, deve-se observar os níveis da fibra em detergente neutro e da fibra em detergente ácido, pois, quando esses níveis apresentam teores elevados, podem comprometer a ingestão e digestibilidade da matéria seca.

Considerações Finais

Com a análise da composição química e as características físicas, percebe-se que a casca do maracujá pode ser utilizada tanto na nutrição humana como também na nutrição animal, mas são necessários estudos mais complexos para se definir de quais formas pode ser utilizadas e também medidas necessárias que a indústria deve adotar.

Sugere-se que a indústria em estudo, realize projetos para novos produtos utilizando a casca do maracujá, sendo que este é o principal resíduo gerado na produção.