Introdução e Objetivo
Pacientes com diarreias são comuns na rotina de veterinários de pequenos animais. O atendimento desses pacientes pode ser complexo, pois requer o comprometimento do proprietário. A distinção entre as causas de diarreia podem ser difícil e, muitas vezes, só pode ser obtida após a realização de exames complementares ou triagem terapêutica. Com a imunossupressão, resultante das infecções diarreicas, co-infecções com agentes oportunistas podem ser observadas. A Entamoeba histolytica é um protozoário esporadicamente encontrado no intestino grosso de caninos. O abcesso amebiano do fígado é uma sequela grave, que muitas vezes implica risco de vida. As formas ativas, denominadas trofozoítos, exibem movimentos ameboides quando observadas em fezes frescas mantidas na temperatura corporal. O objetivo desse trabalho foi relatar um caso de um canino com amebíase.
Metodologia
Foi atendido no hospital veterinário da Faculdade Integrado um canino, fêmea, boxer, um ano, 19 kg, apresentando emagrecimento progressivo há 30 dias, hiporexia, e alguns episódios de diarreia. O animal foi internado para fluidoterapia e continuou com a diarreia. Foram realizados hemograma e exames de bioquímica sérica, que demonstraram valores dentro dos parâmetros normais. Na ultrassonografia abdominal foi observado um leve aumento do fígado. Inicialmente, o tratamento instituído foi cefalotina 30mg/kg (TID), metronidazol 15 mg kg (BID), dipirona 25 mg kg (BID), ranitidina 2 mg/kg (TID). O animal não apresentou melhora no quadro clínico e foi solicitado um exame coproparasitológico. No laudo obtido, foi relatada a presença de E. histolitica nas fezes. Após esse resultado, foi aumentada a dose do metronidazol para 20 mg/kg (BID) e adicionado albendazol no tratamento. O animal permaneceu 20 dias internado e recebeu alta para término do tratamento em casa.
Resultados
Muitas vezes, o diagnóstico e tratamento da doença demandam dedicação de tempo e recursos financeiros. Parte dessa complexidade ocorre porque as causas de diarreias são inúmeras e incluem doenças parasitárias, inflamatórias, intolerância alimentar e neoplasias. Para diagnóstico é possível utilizar técnicas de imunodiagnóstico e biologia molecular, pois esses testes possuem boa sensibilidade e especificidade. Porém essas metodologias possuem um custo alto e se tornam inviáveis na rotina clínica de pequenos animais. Sendo que o coproparasitológico é a forma mais adequada e viável para diagnóstico.
A amebíase é uma doença parasitária que quando observada, é secundária a alguma outra doença. Neste relato, não foi possível encontrar a causa primária, após a avaliação suspeitou-se de uma infecção gastroentérica, o que possivelmente levou a infecção pela Entamoeba.
Considerações Finais
Quadros de diarreia são comumente observados na rotina clinica. Podendo ser de origem parasitaria, infecciosa, alimentar. Os exames complementares como hemograma e bioquímico são importantes e são os mais utilizados para o diagnóstico, neste caso o exame coproparasitológico foi importânte para o diagnóstico da causa da diarreia no animal, pois com ele foi possível observar o parasita e direcionar o tratamento com metronidazol a 20mg/Kg que mostrou-se eficiente, combatendo o problema.