Introdução e Objetivo
Os problemas relacionados à adolescência e arrolados ao uso do álcool têm despertado interesse e preocupação nas últimas décadas; o álcool é, atualmente, a droga de uso mais frequente entre os adolescentes. O consumo de álcool e as implicações que dele resulta, interfere na vida pessoal, familiar, escolar, ocupacional e social do usuário. Face a este contexto, o presente estudo se justifica enquanto tentativa de abordar as práticas de consumo de álcool entre adolescentes e jovens matriculados em escolas públicas e privadas de uma cidade da região noroeste do Paraná. O objetivo foi caracterizar estudantes adolescentes do ensino médio de escolas públicas e privadas segundo aspectos sociodemográficos, e identificar o uso de álcool entre esses adolescentes.
Metodologia
Trata-se de um estudo do tipo descritivo e exploratório, de abordagem quantitativa por meio de amostragem aleatória de estudantes de 15 escolas públicas e 4 escolas privadas, abrangendo escolas localizadas no centro da cidade e em diversos bairros da periferia de Maringá-Paraná. Foram utilizados dois questionários anônimos, de autopreenchimento, sendo o primeiro norteado para os aspectos sociodemográficos, e um segundo questionário, baseado no instrumento CEBRID-1993 (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas). A aplicação foi coletiva, em sala de aula, contemplados alunos das três series do ensino médio e dos três turnos de todas as escolas participantes. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Estadual de Maringá sob o parecer no330/2005.
Resultados
Dos alunos que responderam o questionário, foi totalizada uma amostra inicial de 2837 alunos e destes, 370 foram descartados, por preenchimento incompleto. Dos 2467 estudantes pesquisados, 56,18% (1386) eram do gênero feminino e 43,82% (1081) eram do gênero masculino. No total dos alunos que efetivamente participaram do estudo, parece se relacionar a vida escolar com fatores como faltas, atrasos e a evasão, em virtude, fundamentalmente, do ingresso mais precoce do gênero masculino na atividade laboral produtiva, auxiliando assim no orçamento familiar e reproduzindo a tendência culturalmente construída de responsabilização pelo provimento do núcleo familiar na sociedade.. Ao proceder a análise da incidência de consumo de álcool conforme tipo de escola, verificou-se que os percentuais são bastante próximos, com uma vantagem das escolas privadas, onde o percentual de adolescentes que já experimentaram álcool era de 91,01% contra 87,94% das escolas públicas. No que tange ao consumo inicial de bebida alcoólica, leva-nos a inferir que a disponibilidade financeira não seja um fator de risco significativo para o consumo de álcool. Com relação a distribuição do consumo ao longo das três séries que compõem o ensino médio, verificou-se o incremento percentual do consumo, passando de 83,66% na primeira série, 89,70% na segunda série e 92,34% na terceira série. Em relação a faixa etária, 36,56% dos respondentes deste estudo não soubessem precisar, com exatidão, a idade em que experimentaram ou iniciaram o consumo do álcool, 3,53% referiram este início na faixa etária de 4 a 8 anos de idade, onde o nível de dependência dos cuidadores familiares é maior. Os demais percentuais se distribuíram nas outras faixas etárias, da seguinte forma: 14,1% entre 9 e 12 anos, 32,18% entre 13 e 16 anos, 1,86% entre 17 e 20 anos, e apenas 11,76% referiram nunca terem bebido. A faixa etária mais apontada pelos entrevistados se concentrou entre as idades de 13 a 16 anos. Trata-se de dados significativos, demonstrando que os jovens se iniciam nesta trajetória de consumo cada vez mais cedo.
Considerações Finais
Foi possível constatar que o consumo de bebidas alcoólicas entre os adolescentes matriculados em escolas públicas e privadas de uma cidade do Noroeste do Paraná, é bastante difundida, independente da escola, série e turno. A incidência de consumo de álcool entre adolescentes está bem próxima independentemente da escola pública ou privada, e não existe diferença entre gênero feminino e masculino.