Introdução e Objetivo
As serpentes peçonhentas são aquelas que possuem glândulas de peçonha e estruturas inoculadoras do veneno. Acidentes envolvendo estes animais acontecem com maior frequência em ambientes rurais, pela maior proximidade do homem com os seus habitats naturais. A faixa etária mais acometida varia de 15 a 49 anos, população economicamente ativa do país, prevalecendo no sexo masculino. Os acidentes ocupacionais por serpentes peçonhentas possuem alta importância sanitária, não somente pela prevenção, mas também para um precoce e correto encaminhamento dos acidentados, diminuindo a mortalidade e sequelas temporária ou permanente destes. Diversas práticas indevidas de cuidar dos acidentados estão disseminadas para as pessoas, contribuindo para a piora dos casos. Nesse contexto, o presente estudo objetivou sintetizar um caso clínico de acidente ocupacional com serpente do gênero Erythrolamprus spp.,popularmente conhecida como falsa coral.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo e documental de intoxicação por animal peçonhento, notificado a um centro de informação e assistência toxicológica do Noroeste do Paraná. A fonte de dados utilizada foi a ficha epidemiológica de ocorrência toxicológica, arquivada neste serviço. Foram compiladas as variáveis relacionadas ao evento toxicológico e o tratamento realizado na unidade hospitalar.
Resultados
Ao sofrer uma intoxicação por mordedura de serpente, o trabalhador rural, sexo masculino de trinta e sete anos, procurou imediato tratamento médico, sem empregar qualquer outro método paliativo alternativo. Foi admitido em uma unidade hospitalar após 30min do ocorrido, com sinal da picada na região do membro inferior direito. O acidente ocorreu na zona rural, durante o período matutino, em seu local de trabalho. Apresentava dor no local da picada e hipertensão arterial. O acidente foi classificado como presumível por falsa coral (Erythrolamprus spp.), com estadiamento leve, devido ao quadro clínico apresentado pelo paciente e relatos do acidentado, caracterizando a serpente e mostrou algumas fotos do animal, as quais auxiliaram na sua identificação. O tratamento realizado foi limpeza e antissepsia local, profilaxia antitetânica, manutenção do membro afetado em repouso e elevado, controle dos sinais vitais e da diurese no período de observação clínica, e tratamento sintomático. O trabalhador evoluiu com melhora, estável e sem queixas, e obteve alta hospitalar após sete horas de observação, sem sequela que pudesse interferir em sua vida pessoal ou profissional.
Considerações Finais
Após a correta identificação da serpente, é necessário o uso do soro antiveneno específico, em doses eficazes para o tratamento das vítimas dos acidentes ofídicos. Neste caso, não foi necessário, pois a serpente não era peçonhenta. Ao trabalhar em áreas rurais, recomenda-se sempre, o uso de equipamentos individuais de proteção, como sapatos, botas, luvas de couro, além de ações preventivas e conscientizadoras à população sobre tais acidentes.