Introdução e Objetivo

A vitamina D pode ser sintetizada na forma de vitamina D3 pela ação da radiação ultravioleta na pele, ou pela ingestão dietética na forma de vitamina D2 ou D3. A pigmentação da pele e do pêlo, e a intensidade da radiação ultravioleta, influenciam sua síntese e, além disso, os animais carnívoros são incapazes de sintetizá-la suficientemente, sendo necessária sua suplementaçã. A vitamina D é um esteroide reconhecido por seu papel na homeostase do cálcio e do fósforo e no metabolismo ósseo. Entretanto, é amplamente aceito que tal vitamina  também exerce vários efeitos extra-esqueléticos, e sua insuficiência é um fator de risco para muitas doenças crônicas como síndromes metabólicas, doenças cardiovasculares e autoimunes, além de estar relacionada com vários tipos de câncer, como têm sido demonstrado em diversos estudos.

            Esta revisão visa trazer maior esclarecimento dos aspectos fisiológicos entre a relação da vitamina D e o câncer descobertos na atualidade. 

Metodologia

O presente estudo foi realizado por meio de levantamento bibliográfico em artigos científicos disponíveis nas bases de dados CAPES, Science Direct e PUBMED.       

 

Resultados

Uma vez obtida pela síntese cutânea ou pela ingestão, a vitamina D é armazenada na gordura ou  transportada ao fígado, e após todo seu processo de metabolismo, esta é liberada pelos rins em seu metabólito ativo, a 1,25-dihidroxivitamina D (1,25-OH²D), tendo também sua síntese extra-renal.        

            Tal metabolito entra nas células com receptores de vitamina D de diversos órgãos e, subsequentemente, se liga aos genes responsivos, como no caso do gene do cálcio, participando da transcrição e tradução na formação de proteínas.   A absorção intestinal do cálcio é um exemplo, no qual o intestino depende de uma adequada formação do 1,25-OH²D e de seu respectivo receptor para ocorrer corretamente, o mesmo acontece nas atividades osteoblásticas e osteoclásticas durante o crescimento ósseo. A prevenção de doenças imunes como diabetes tipo I e esclerose múltipla dependem da suficiência de 1,25-OH²D em idades avançadas. Além disso, estudos demonstram que o 1,25 (OH) ²D sintetizado localmente por estímulo de citocinas em diferentes tecidos, estimula de forma parácrina a diferenciação celular, o que sugere um papel importante da vitamina D na etiologia de neoplasias. São muitos tipos de células que contém receptores de vitamina D, e quando esses receptores são ativos pelo 1,25 (OH) ²D, induzem a diferenciação e apoptose, além de inibir a proliferação, a capacidade invasiva, angiogênese e potencial de metástase. A vitamina D atua também na reparação do DNA, proteção antioxidante, imunomodulação, fatores de crescimento e síntese de citocinas.

            Estudos comprovam que a maioria dos mastocitomas caninos expressam receptores de vitamina D e, além disso, análises in vitro mostram que os metabólitos da vitamina D tem efeitos anti-proliferativos em células de mastocitoma canino. Obteve-se até mesmo a regressão tumoral de mastocitomas com a administração de altas dosagens de 1,25 (OH) ²D, apesar dos sinais clínicos de intoxicação por vitamina D.  

            Em humanos, estudos epidemiológicos relacionam a não suficiente exposição ao sol com a prevalência de canceres de mama, cólon, próstata, ovários e linfoma não-Hodkin.          

            Em conclusão, o metabolito ativo 1,25 (OH) ²D tem efeitos pleiotrópicos através dos receptores de vitamina D e muitos genes são responsivos à este, além de efeitos não-genômicos por meio de receptores de membrana e segundos mensageiros onde atua.    

 

Considerações Finais

Atualmente há um maior cuidado com a saúde dos animais de estimação, ampliando sua longevidade, o que tem como consequência o aumento na incidência de cânceres. Apesar das intensas intervenções terapêuticas, a mortalidade por câncer é inaceitável, tanto em animais, como em humanos e, portanto, há uma crescente necessidade na busca de novas terapias preventivas e curativas. Apesar das descobertas em relação à vitamina D e seus efeitos benéficos, mais estudos devem ser realizados. .