Introdução e Objetivo
É muito comum algumas patologias que acometem o sistema respiratório evoluírem para insuficiência respiratória aguda e, posteriormente, se agravarem, criando-se a necessidade de uso da ventilação mecânica invasiva (VMI). A dependência do suporte ventilatório traduz um subgrupo de pacientes de grande morbidade, alto custo hospitalar e altas taxas de mortalidade hospitalar. O desmame da VMI pode ser difícil e longo nesses pacientes, mas novas estratégias de desmame como a ventilação não invasiva (VNI) podem ser utilizadas a fim de acelerar esse processo. A VNI como uma estratégia de desmame pode reduzir o tempo da VMI, acelerar o desmame ventilatório, reduzir o risco de pneumonia associada à VMI, reduzir a mortalidade de pacientes críticos, diminuir o tempo de internação e promover uma alta mais segura e precoce das unidades de terapia intensiva (UTI’s). Os objetivos são Investigar se a VNI pode atuar como estratégia de desmame e acelerar a alta da UTI em pacientes críticos crônicos.
Metodologia
Estudo observacional, prospectivo analítico de coorte transversal, por meio da coleta de dados de prontuários, em pacientes críticos crônicos traqueostomizados com diagnóstico de desmame prolongado que estiveram internados no Hospital Santa Casa da Misericórdia de Maringá, Maringá-PR, no período de Julho de 2012 a Junho de 2013. O presente estudo foi aprovado pelo comitê de ética do Instituto Paranaense de Ensino. Como critérios de inclusão os pacientes deveriam estar internados na UTI no período determinado pelo estudo (Julho de 2012 a Junho de 2013), serem traqueostomizados, com protocolo de desmame difícil ou com doenças neuromusculares avançadas. A coleta de dados dos prontuários ocorreu nos meses de Maio a Julho de 2014, dos quais se obteve uma amostra selecionada de 24 pacientes criticos que preencheram todos os critérios de inclusão. Estes foram analisados quantitativamente e seus resultados apresentados em forma de média ± desvio padrão, ou porcentagem por grupo.
Resultados
Durante o período de Julho de 2012 a Junho de 2013, 346 pacientes foram internados na UTI, sendo que 38 destes foram traqueostomizados e 24 preencheram os critérios de inclusão deste estudo. A média de idade dos pacientes foi de 57±18,3 anos, sendo 91,7% do sexo masculino e 8,3% do sexo feminino. O diagnóstico clínico mais comum foi TCE com 37,5%, seguido de pós-operatórios abdominais e/ou torácicos com 16,6%. Os pacientes permaneceram em média 47,3±28 dias na UTI, com um tempo total de VMI de 34,3±23 dias. Destes 34,3±23 dias, 8,2±5 dias foram antes da realização da traqueostomia. O tempo de VNI nos pacientes foi de 5,4±6.5 dias, em média. Dos 24 pacientes estudados, 66,7% tiveram alta da UTI e alta hospitalar e 33,3% vieram a óbito.
Considerações Finais
Através dos dados obtidos não se pode declarar firmemente que a VNI é uma nova estratégia no desmame da VMI e alta da UTI de pacientes críticos, traqueostomizados, submetidos à VMI prolongada. Apesar do estudo mostrar que 66,7% dos pacientes em VMI prolongada e que fizeram uso de VNI receberam alta da UTI e do hospital, considerou-se ainda insuficientes os dados para se afirmar que a VNI auxiliou na alta dos pacientes avaliados.